Confira o Editoral do jornal A Melhor Idade, editado por Plínio Guimarães, que circulou neste dia 1º de dezembro de 2016:
O Ano da Desforra
Apesar de controvérsias e opiniões
em sentido contrário, o ano que se finda não foi um ano inteiramente ruim. Na
verdade, foi um ano de acerto de contas. Este gosto amargo que sentimos neste
findar de mais uma etapa de nossas vidas é o resultado das mazelas e do remédio
aplicado que, como toda beberagem curativa, não deixa lá muito agradável o
paladar. É natural. O que se deve levar em conta são os resultados obtidos.
Por
este ângulo, 2016 foi um ano proveitoso no sentido do acordar para a cidadania.
O povo voltou às ruas para protestar, bater panelas, expor a sua insatisfação, exigir
punição para aqueles que se especializaram em solapar os cofres públicos. O
povo decidiu pôr um ponto final ao nefasto estado de coisas e começou apeando
do poder um Presidente da República e praticamente banindo do mundo político um
partido que se autoidentificava como o altar da ética e da honestidade.
A
mensagem que ecoou nas manifestações e depois desaguou nas urnas não deixa
dúvidas a respeito disso. O povo falou, e falou bonito; e o melhor: se fez
entender. O brado ouvido de norte a sul e de leste a oeste deste Brasil de
dimensões continentais fez estremecer detentores de poderes instalados em
Brasília, sinalizando para a chegada do fim de uma era inteira de
irresponsabilidades e práticas de ações criminosas, coletivas e estruturadas.
A
profilaxia ainda não terminou. Autoridades do Bem ainda labutam com afinco na
captura e punição das extensas quadrilhas instaladas nos Poderes da República ou
espalhadas por esses rincões. O trabalho é lento, criterioso, apegado às leis,
enfrentando obstáculos que se teimam em erigir à sua frente, mas ele segue o
seu curso, sereno, diligente, sagaz, para o desespero daqueles que faziam do
subtrair a razão de suas vidas.
O
ano de 2016, o Ano da Desforra, mostrou o descontentamento popular e sua forma
eficiente de enfrentar maus representantes e apaniguados, lição que jamais será
esquecida. E o ano de 2017 se inicia como o Ano da Reconstrução, exigindo o
sacrifício de todos, já que o país se encontra destroçado economicamente, com
uma taxa de desemprego nunca antes vista, altos índices inflacionários e um
déficit público beirando o descontrole, tudo a exigir um esforço hercúleo de
quantos ainda acreditam ser o Brasil um país viável.
0 comentários:
Postar um comentário