Ninguém agüenta mais esses carros de som de candidatos que
parecem querer ganhar eleição esgoelando no ouvido o eleitor.
Será que pretendem fazer uma lavagem cerebral, de tanto que
ficam repetindo o jingle do candidato?
Geralmente, trata-se de uma musiquinha chata, horrível, de
gosto “encardido”, que mais soa como uma ameaça no ouvido daquele que terá de
cumprir, “na marra”, o seu papel de cidadão. Voto obrigatório não é democracia.
Nem aqui, nem no Risca-Faca e nem na casa do ....
“Fulano vem aí, sicrano vem aí...” Que desgraça! Ameaças?
Som alto é também uma forma de abuso, é poluição sonora. A medicina já comprovou de há muito que o som alto prejudica os ouvidos.
A Justiça Eleitoral, que tão bons exemplos tem dado ao país em termos de controle da propaganda política, devia rever a autorização que dá aos candidatos para abusarem de nossa paciência com esses malditos carros de som.
Revendo a coleção do Imprensa Livre, encontramos o editorial
do dia 11 de agosto, que aborda muito bem outra prática de campanha política igualmente abusiva, que é a distribuição às turras de “santinhos”. Santinhos do pau oco...
Confira:
Santinho
Jornal Imprensa Livre –
Editorial de 11/08/2012
“O santinho é jogado nas casas, na maior cara de pau. E a
situação piora quando o santinho ainda é de um pau oco”
Imaginem a cena: você acorda, antes de sair da cama já
percebe pelas frestas da janela que o sol já está em prontidão. Bem, então se
levanta, abre a janela e vai até o portão de casa para ver se o seu Imprensa
Livre chegou para ler, enquanto toma seu café da manhã.
Então, quase que diariamente percebe-se também que não é
apenas o jornal que está no seu portão, mas diversos panfletos e santinhos
atolados no vão da porta. Tal cena parece-lhe familiar?
No contexto da política partidária, santinho é uma
propaganda impressa com informações como nome do candidato e seu número,
distribuída nas vésperas de uma eleição. O nome santinho aparentemente vem de
uma prática relacionada à Igreja Católica. Antigamente os padres distribuíam
pequenos papéis com imagens coloridas de santos, que eram chamados, na época,
de “Santinho”.
O dicionário Houaiss confirma que uma das acepções da
palavra é: “Rubrica: política, publicidade. Regionalismo: Brasil. Uso:
informal. Pequeno prospecto de propaganda eleitoral com retrato e número do
candidato a cargo público. O tamanho padrão usado para está arte é de 65x90mm.
Pois bem, o que era para ser uma ferramenta de propaganda e
informação, na maioria dos casos acaba forrando a lata do lixo daqueles que
recebem, sem qualquer tipo de notificação, constantemente em suas residências.
Vale aqui imaginar também que este tipo de material de
campanha teria outra relevância caso fosse entregue em mãos aos possíveis
eleitores, que caso tivessem alguma dúvida, já poderiam liquidá-la junto ao
militante partidário, como também ter mais conhecimento daqueles que
conquistaram sua empatia e voto.
Porém, entulhar santinhos nos portões, sem qualquer
contexto, ou informação, sem qualquer diálogo, ou aproximação, torna a ação
improdutiva e dispendiosa.
O candidato gasta dinheiro para confeccionar os tais
santinhos, contrata uma equipe para distribuir os mesmo, mas não investe em
treinamento dos representantes da legenda. Seria mais trabalhoso, porém
proveitoso alguém receber um santinho acompanhado de uma saudação e informações
sobre projetos e plano de governo.
Na maioria dos casos o santinho é jogado nas casas, na maior
cara de pau. E a situação piora quando o santinho ainda é de um pau oco.
É sabedor que os santinhos não são uma invenção de agora.
Mas também não se precisa imortalizá-los.
O tempo passa, ultimamente rápido demais, é preciso não se
acomodar e inovar. Um exemplo, se certos candidatos pregam uma gestão
sustentável, por que então investem tanto em papeis ao invés de buscar alternativas?
Assim como há a situação de candidatos que abandonaram a prática de pintar
muros ao optarem a colocar cartazes nas casas.
Tanto grandes ou pequenas ações servem para avaliarmos como
cada pretendente a representar-nos se portam diante de uma campanha eleitoral.
Suas ações frente ao desafio de fazer política pensando justamente na polís
sinalizam como será sua gestão.
Contudo, o exercício para os eleitores vai além da
observação. É preciso ter sempre em mente que santinho mesmo... É apenas o nome
do panfleto.
1 comentários:
Otimo artigo, concordo plenamente, em um momento em que tanto se fala de preservação do meio ambiente, sustentabilidade e afins, porque esta maldita pratica de campanha ainda não foi proibida? Falta de bom senso, pois ainda não conheci uma pessoa que se interessasse por este tipo de propaganda ao recebe-la...
Postar um comentário