O país encontra-se parado por conta da
greve dos caminhoneiros, que já completou a sua primeira semana e não tem prazo
para terminar. Vivemos o caos diante da falta de combustíveis e da escassez de
gêneros alimentícios e outros insumos de primeira necessidade, inclusive para o
atendimento de demandas hospitalares. Desacreditado, o governo vê suas
propostas irem pelo ralo a cada tentativa de uma composição para pôr fim ao
movimento.
Desde o ano passado o governo sabia dos
propósitos dos caminhoneiros de fazer um amplo movimento reivindicando
melhorias para a categoria, como diminuição do preço do óleo diesel, e nada fez
para evitar este desfecho. Deu no que deu, para o desespero de toda a sociedade
brasileira.
A quem atribuir a desordem que vivemos
hoje? Aos caminhoneiros? Ao Governo? Se é verdade que a corda arrebenta sempre
do lado mais fraco, então os caminhoneiros seriam apontados como os
responsáveis. Mas os tempos são outros. A população já não aguenta mais os
discursos vazios e as trapalhadas de um governo que faz e acontece calcada num
percentual de único dígito de apoio popular. De um governo que, convenhamos, se
instalou ingressando pela porta dos fundos.
Numa única semana, os combustíveis
tiveram aumentos por cinco dias seguidos, numa espécie de tapa na cara de cada
brasileiro. Quem aguenta isso, sabendo que os combustíveis são a base da
composição de preços de absolutamente todos os produtos? O governo justifica-se
apontando os custos internacionais do petróleo, esquecendo-se de que o pré-sal
é nosso.
Assim, a pauta de reivindicações dos
caminhoneiros vem ao encontro das aspirações populares, somando-se e
fortalecendo-se mutuamente. O que antes era a luta por benefícios de uma
categoria isolada, agora passou a ser um enfrentamento compartilhado por todos,
com objetivos e necessidades igualmente comuns.
A esta altura dos acontecimentos, por
mais que o governo ceda, os manifestantes se mostrarão impassíveis. Viram que a
força está do seu lado e querem pisar fundo o acelerador. O fim disso tudo parece
ser a renúncia do presidente diante da perda de legitimidade para governar, ou
sua deposição por forças militares, conforme apregoam por aí.
Ao fim desta crise, depois de se
contabilizarem as perdas, teremos um imenso trabalho de reconstrução, que
demandará sacrifícios e muita paciência. Por hora, resta-nos ficar apreensivos,
pois vemos que insistem em armazenar combustível cada vez mais próximo das
labaredas.
OBS - Texto publicado em forma de
editorial no jornal A Melhor Idade, editado na cidade de Caraguatatuba-SP.
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