quarta-feira, 6 de junho de 2018

O Brasil sitiado


O país encontra-se parado por conta da greve dos caminhoneiros, que já completou a sua primeira semana e não tem prazo para terminar. Vivemos o caos diante da falta de combustíveis e da escassez de gêneros alimentícios e outros insumos de primeira necessidade, inclusive para o atendimento de demandas hospitalares. Desacreditado, o governo vê suas propostas irem pelo ralo a cada tentativa de uma composição para pôr fim ao movimento.

Desde o ano passado o governo sabia dos propósitos dos caminhoneiros de fazer um amplo movimento reivindicando melhorias para a categoria, como diminuição do preço do óleo diesel, e nada fez para evitar este desfecho. Deu no que deu, para o desespero de toda a sociedade brasileira.

A quem atribuir a desordem que vivemos hoje? Aos caminhoneiros? Ao Governo? Se é verdade que a corda arrebenta sempre do lado mais fraco, então os caminhoneiros seriam apontados como os responsáveis. Mas os tempos são outros. A população já não aguenta mais os discursos vazios e as trapalhadas de um governo que faz e acontece calcada num percentual de único dígito de apoio popular. De um governo que, convenhamos, se instalou ingressando pela porta dos fundos.

Numa única semana, os combustíveis tiveram aumentos por cinco dias seguidos, numa espécie de tapa na cara de cada brasileiro. Quem aguenta isso, sabendo que os combustíveis são a base da composição de preços de absolutamente todos os produtos? O governo justifica-se apontando os custos internacionais do petróleo, esquecendo-se de que o pré-sal é nosso.

Assim, a pauta de reivindicações dos caminhoneiros vem ao encontro das aspirações populares, somando-se e fortalecendo-se mutuamente. O que antes era a luta por benefícios de uma categoria isolada, agora passou a ser um enfrentamento compartilhado por todos, com objetivos e necessidades igualmente comuns.

A esta altura dos acontecimentos, por mais que o governo ceda, os manifestantes se mostrarão impassíveis. Viram que a força está do seu lado e querem pisar fundo o acelerador. O fim disso tudo parece ser a renúncia do presidente diante da perda de legitimidade para governar, ou sua deposição por forças militares, conforme apregoam por aí.

Ao fim desta crise, depois de se contabilizarem as perdas, teremos um imenso trabalho de reconstrução, que demandará sacrifícios e muita paciência. Por hora, resta-nos ficar apreensivos, pois vemos que insistem em armazenar combustível cada vez mais próximo das labaredas.


OBS - Texto publicado em forma de editorial no jornal A Melhor Idade, editado na cidade de Caraguatatuba-SP.

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