O jornal Expressão Caiçara
desta semana (saiu na quinta-feira, 30/7) trouxe em sua última página um
anúncio emblemático, que despertou a atenção das pessoas pelo inusitado do seu
conteúdo.
Trata-se de uma venda
milionária envolvendo o Morro da Prainha (ou do Camaroeiro), aquele que fica no Canto do
Camaroeiro e onde operava uma pedreira em meados dos anos sessentas. O local é
paradisíaco e se presta a inúmeros tipos de empreendimentos de alto luxo, como
hotéis e até mesmo cassinos, conforme se cogitou na cidade em 2006 ou 2007.
Na época, falava-se na
liberação dos jogos de há muito proibidos no Brasil –para ser exato, desde 1946–,
pois tramitava um projeto neste sentido no Congresso Nacional. Acabou não dando
em nada e o assunto logo caiu no esquecimento.
A notícia, agora, do
interesse do proprietário em vender o morro trouxe especulações sobre o
assunto, reacendendo discussões, e foi motivo de palpites os mais curiosos, pois
as pessoas também veem na retirada de terra de parte desse mesmo morro, pela
prefeitura de Caraguá, após um processo de desapropriação, como algo “deflagrador”
do interesse de venda. (Veja matéria do desmonte do morro publicada neste blog em 24 jun 2015)
Com um total de 99.944,00
metros quadrados de área alodial (área livre), mais 36.996,15 metros quadrados
de área de marinha, o Morro tem ao todo 136.940,65 metros quadrados. O dono
estimou em R$ 350,00 reais o metro, o que daria o total de R$ 47.929.227,50.
Algo considerável e certamente único na cidade em termos de valores absolutos.
O anúncio é assinado por
Aluísio Ribeiro de Lima, que deixa seu telefone celular para o contato de
eventuais interessados.
As especulações são muitas
e por vezes até sem nexo algum, mas as conversas sempre deixam no ar algumas
perguntas: por que querem vender o Morro da Prainha? Que conversas de bastidores precederam essa decisão de vender? Haverá quem tenha disponível
tamanho numerário para a compra? Quem será o corretor sortudo que irá mordiscar
os R$ 2.875.753,65 a título de comissão?
Afinal, quem é o vendedor da área?
Aluísio
Ribeiro de Lima, que assina a publicação do anúncio e
oficialmente quem pôs à venda o Morro da Prainha, é filho do ex-deputado
estadual Altimar Ribeiro de Lima,
falecido em 26 de maio de 2009 depois de ter sido por três legislaturas
vereador em São Paulo e também por três legislaturas deputado com assento na Assembleia
Legislativa Estadual.
Por sua vez, Altimar era filho de Diógenes Ribeiro de Lima, que também
foi por duas vezes vereador na capital do Estado e Deputado Estadual por uma
legislatura. Formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, publicou
vários trabalhos jurídicos. Atuou ainda como suplente de juiz federal em São
Paulo, juiz de Paz e delegado de polícia e como membro do Congresso do
Ministério Público. Seu nome foi dado à conhecida praça da praia, em Caraguá,
em reconhecimento aos serviços prestado à cidade, creditando-se a ele a
transformação de Caraguá em estância balneária, em 1947.
A importância da família Ribeiro de
Lima no contexto da cidade
Diógenes Ribeiro de Lima - Professor
e um dos políticos mais envolvidos com Caraguatatuba. Como deputado, ajudou e
muito Caraguatatuba. Não é a toa que seu nome foi concedido a uma das
principais praças de nossa a cidade, a praça da Secretaria de Turismo, em
frente a praia central. Diógenes nasceu em São Paulo, em 12 de abril de 1896.
Formou-se professor pela Escola Normal Caetano de Campos em 1916.
Em 1920 pegou um barco em
Santos para vir até Caraguá, na época, não havia acesso por terra até a cidade,
onde foi dar aulas nas Escolas Reunidas de Caraguatatuba (onde hoje funciona o
Museu Adaly Coelho Passos). Em nossa cidade namorou a professora Alice Leite.
Casou com ela, tendo como padrinhos Teotino Tibiriçá Pimenta e Luiz Passos
Júnior.
Foi proprietário de uma
casa antiga na avenida Arthur Costa Filho, que foi demolida e, atualmente,
serve como estacionamento. Como professor trabalhou também nas cidades de Monte
Azul e Bariri. Formou-se advogado em 1924 pela Faculdade de Direito do Largo de
São Francisco (USP). Publicou vários trabalhos jurídicos. Atuou ainda como
suplente de juiz federal em São Paulo (1925), juiz de Paz e delegado de
polícia (1924 e 1925) e como membro do Congresso do Ministério Público.
Vida
Política - Diógenes foi vereador em São Paulo por dois
mandatos, de 1926 a 1930. Participou da Revolução de 1932, como subcomandante
do Batalhão Bahia. Elegeu-se deputado estadual em 1935, quando participou da
Constituição de 1935. Como deputado foi um dos políticos que mais ajudou
Caraguatatuba.
Foi graças a ele que a
cidade melhorou e muito a sua infraestrutura física. Poucos sabem, a
tradicional mureta da avenida da praia do centro (removida em 2000, quando o
prefeito Antonio Carlos remodelou e duplicou a avenida) foi feita por
iniciativa de Diógenes. Como deputado ele transformou a cidade, de fato, em uma
estância balneária. Abaixo o decreto que transformou a cidade em estância
balneária, de 1947, por iniciativa do então deputado Diógenes Ribeiro de Lima.
Transcrito
do Blog do Salim Burihan, em :
Altimar Ribeiro de Lima - Nasceu
na cidade de São Paulo, em 31/05/1924, filho de Diógenes Ribeiro de Lima
(ex-deputado estadual e presidente da Alesp) e Alice Leite Lima. Faleceu no dia
26 de maio de 2009, no Hospital TotalCor, na Capital, de broncopneumonia com
fibrilação atrial. Velado no salão nobre da Assembleia, seu corpo foi sepultado
no cemitério da Consolação.
Formou-se em Engenharia na
Universidade Mackenzie, antes de ser eleito.
Elegeu-se três vezes vereador pela Câmara Municipal de São Paulo, em 1948, ainda muito jovem, aos 24 anos, com 1.603 votos, pelo Partido Social Progressista (PSP). Em 1952, reelegeu-se vereador com 5.984 votos, também pelo PSP; e, em 1956, com 7.544 votos pela mesma legenda. Licenciou-se duas vezes: de 4/2/1955 até 21/6/1955, e de 25/9/1957 a 6/8/1958, para ocupar o cargo de secretário municipal de Obras.
Em 11/3/1959 renunciou ao
mandato de vereador por ter sido eleito deputado estadual, pelo PSP, com 14.708
votos.
Foi deputado estadual por
três legislaturas consecutivas: 4ª legislatura (1959/63), quando obteve 14.708
votos, concorrendo pelo PSP, partido dirigido por Adhemar de Barros; foi
reeleito para a 5ª legislatura (1963/67), pelo PTB, partido do então presidente
João Goulart, alcançando 10.951 votos.
O deputado Altimar Ribeiro
de Lima participou das festividades de transferência do prédio da Assembleia
Legislativa, do parque D. Pedro 2ª, para o novo edifício no parque do Ibirapuera,
em 25 de janeiro de 1968, sendo reeleito novamente para o terceiro mandato, à
6ª legislatura (1967/71), concorrendo pela Arena, partido que apoiava o governo
militar, alcançando a sua mais expressiva votação: 16.142 votos, nessa
legislatura foi testemunha do fechamento da Assembleia Legislativa, por um ano
e meio, com base no Ato Institucional (AI) nº 5/1968, pelo qual foram cassados
25 parlamentares.
Teve quatro filhos com sua
primeira esposa, Sra. Lieselotti Ribeiro de Lima: Teresa Cristina Ribeiro de
Lima, Altimar Augusto Ribeiro de Lima, Luiz Carlos Ribeiro de Lima e Aluisio Ribeiro de Lima. Com sua morte
deixou três filhos, tendo em vista que sua filha Teresa já havia falecido, e
nove netos. Casou-se pela segunda vez com a Sra. Cecy Stella Fagá, união de 24
anos, sem filhos.
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