sexta-feira, 22 de março de 2013

Ilhabela: Transpetro/Petrobras inicia reuniões técnicas sobre novo píer

Encontros são para debate entre a empresa, Poder Público e ONGs; evento aberto ao público ainda não tem data definida
Thereza Felipelli
Para dar continuidade ao processo de esclarecimentos do projeto de ampliação do píer do Terminal Aquaviário Almirante Barroso (Tebar), a Petrobras Transporte S.A. (Transpetro) deu início esta semana a uma série de reuniões técnicas na região.
Na última terça-feira, o Ilhaflat em Ilhabela foi palco da primeira reunião entre a empresa e o Poder Público e organizações não governamentais (ONGs) da cidade.
Ontem a reunião foi com os membros da Associação Comercial e Empresarial de São Sebastião e, à noite, com integrantes das ongs do município.

Segundo a Transpetro, o objetivo das reuniões – que não são abertas ao público – é dar mais transparência ao projeto e manter o diálogo aberto para esclarecer dúvidas, ouvir sugestões e contribuições.
Ainda de acordo com a Transpetro, reuniões abertas à comunidade deverão ser realizadas em breve.

Encontro na ilha
A Transpetro não informou o conteúdo do exposto durante o encontro na ilha. No entanto, segundo informações, foi dito na reunião que o novo píer, estudado desde 2006, já sofreu diversas modificações. Num primeiro momento, a ideia era construir a área do novo píer no mesmo berçário onde o porto será ampliado.

Abandonada essa proposta, pensaram em seguir mais para o sul, mas para que isso se tornasse realidade surgiriam muitos problemas como conseqüência, como a necessidade de grande número de desapropriações e uma tubulação maior dos poços da Petrobras no centro de São Sebastião. Em seguida, surgiu a sugestão de monobóias, o que, segundo a Transpetro, não é viável, pois além de terem um custo elevado, a maioria dos navios não suporta esse tipo de bombeamento, sem contar os riscos ambientais e operacionais, que seriam duplicados. Por fim, em virtude de todas essas razões, ao invés de descartar o projeto e apenas otimizar o píer já existente, foi decido que a melhor solução seria implantar um “braço” no píer já existente ao norte do mesmo.

Segundo um blogueiro de Ilhabela, Kim Axel Borgström, durante o encontro um representante do Pinda Yacht Club da ilha, o engenheiro naval Antonio Lopes, teria perguntado se os participantes sabiam quantos moradores de Ilhabela trabalham no Tebar. “Alguns chutaram valores e outros ficaram calados, mas o ‘seis’ que veio como resposta do próprio autor da pergunta foi o mais traumatizante daquele momento”, contou o jovem.

Novo píer
Ainda segundo informações, o píer terá aproximadamente 1,9 mil metros de extensão e deverá ficar a mais de 600 metros da praia.
Com a ampliação do terminal, será garantido o abastecimento maior das refinarias de São Paulo e será possível realizar manutenções preventivas nos barcos de atracações, além de reduzir o tempo de espera dos navios de fundeio.

Preocupados
Ambientalistas e simplesmente moradores do Litoral Norte estão preocupados com o projeto e com a falta de diálogo da empresa com a comunidade. “Durante toda a apresentação me questionei: desde quando o Brasil parou para observar e analisar com grande importância, a chance de uma região com a vocação ecoturística poder se tornar um berço artificial para petróleo e porto? Por que não desenvolver mais o turismo, melhorar a qualidade das praias e do meio ambiente e focar naquilo que realmente nos foi herdado por natureza? Por que não aceitar que o ecoturismo é nosso passado, presente e futuro?”, questionou o blogueiro.

“Como uma Capital da Vela, reconhecida pelo país como um dos polos do velejo mundial, onde anualmente competem e nascem os maiores velejadores da história deste planeta, pode seguir mantendo seu nome com um porto ampliado e 100% do petróleo do Estado de São Paulo passando por debaixo do nosso canal por navio e navio?”, continuou Borgström, que ainda perguntou: “Será que existiu algum estudo feito junto à Companhia Docas de São Sebastião (responsável pelo projeto de Ampliação do Porto) para conhecer os impactos, tanto ambientais, econômicos e sociais da região com duas obras faraônicas em um mesmo ponto?”

Alguns dados mencionados durante o encontro:
- O Tebar tem, hoje, 720 navios petroleiros por ano.
- “Se o Tebar parar, o Estado de São Paulo pára e consequentemente o Brasil também”.
- 2.800 empregos serão gerados diretamente para trabalhar/construir o que se quer ampliar (somente nas obras, 800 empregos serão diretos).
- R$ 25 milhões é o total que São Sebastião arrecada/arrecadou com a Petrobras trabalhando em sua região.
- R$ 124 milhões é o valor de capital deixado pelos royalties até novembro de 2012 (R$ 85 milhões para São Sebastião e R$ 40 milhões pra ilha).
- 100% do óleo refinado de São Paulo passa obrigatoriamente pelo Tebar (sem exceções).
- 50% de todo o petróleo Brasileiro é passado pelo Tebar.
- Por mês, o Tebar possui uma frota de 60 navios petroleiros passando pelo canal de São Sebastião sem parar.
Fonte: Imprensa Livre
Caraguablog/JFPr

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