sábado, 24 de novembro de 2012

Falta de troco pode afetar varejo e comerciantes sofrem com o problema


As cédulas e moedas em disponibilidade não acompanham a demanda do setor. Muitas pessoas esquecem suas moedas nos cofrinhos e fundo de bolsas. Utilizar cartões de débito pode ser uma das alternativas que facilitam o troco

Com o aumento do poder de renda do consumidor devido ao recebimento do 13º salário e com a chegada de fim de ano quando há um grande movimento econômico na cidade, a falta de troco pode afetar o comércio em Ubatuba.

As cédulas e moedas em disponibilidade não acompanham a demanda do setor. Como resultado, o consumidor que paga em dinheiro vivo corre o risco de levar muitas moedas embora, ou, pior, ter o valor da sua compra arredondado para cima.

A dona de casa Maria Aparecida Castilho contou que por morar sozinha, prefere fazer pequenas compras em supermercados praticamente todos os dias e reclama da falta de troco. "Eles ficam com os centavos. São pequenas quantias que no final dariam até que um bom dinheiro. Nem sei dizer o quanto perco com isso", diz ela.

Geralmente, a moeda do troco vai para o cliente, mas não volta. “Eu perco, coloco no bolso e quando estou andando com pressa elas caem, coloco na bolsa e depois não acho mais", assume a estudante Greice dos Santos.

Dar troco em moedas é uma tarefa ainda mais difícil para os comerciantes.  “Dificilmente nosso cliente já vem fazer compras com o dinheiro trocado. Eles sempre vêm com notas altas e aí vai todo nosso troco. Algumas vezes  utilizamos chicletes e balas para facilitar. Quando o cliente  não aceita, eu peço que aguarde um pouco até eu tentar trocar a nota ou entrar dinheiro no caixa", afirma o dono de uma padaria no Centro.

Há quem se garanta com reservas de moedas dentro do próprio estabelecimento, que recorra às lojas que vendem produtos populares, que faça a troca na base da camaradagem ou até vá às igrejas. É o caso de um rapaz que vende salada de frutas no centro. Ele vende um copinho a R$ 3,50 e na maioria das vezes recebe cédulas de R$ 10. Para levantar R$ 6,50, troca dinheiro praticamente todos os dias com representantes de igrejas e com o pessoal da Zona Azul. "Às vezes, eles até me ligam para oferecer", contou.

Alguns empresários preferem garantir o troco nas viagens. Ao passar pelos pedágios, eles dão uma nota bem alta e conseguem o valor bem trocado de volta. Outra saída é recorrer aos bancos.

Uma outra opção que os comerciantes encontraram é quando  há a relação de confiança com o consumidor, eles utilizam  um “vale” para a compra seguinte.

O que também pode facilitar a vida do comerciante e do consumidor é o uso do cartão de débito sempre que possível. Uma compra de pequeno valor não impede que o comprador pague com cartão, também conhecido como "dinheiro de plástico".

A gerente do Banco do Brasil da unidade de Ubatuba, Nelma Regina Almeida, contou que recentemente os gerentes das unidades bancárias da região realizaram uma reunião solicitando ao Banco Central que envie mais trocos para as agências do Litoral Norte. “Acontece que o Banco Central está sem troco. Estamos solicitando já há dois meses toda semana para que nos enviem moedas e notas de baixo valor, mas o que eles mandam são insuficientes para atendermos nossa demanda. O Banco Central fabrica um “valor x” de troco, mas esse valor não está rodando no mercado e não consegue suprir as agências”, disse a gerente.

O Procon, órgão de defesa do consumidor brasileiro, diz que quem vende precisa oferecer o troco, mas quem compra também pode colaborar levando moedas.

De acordo com o órgão, entre os principais motivos para a escassez de níqueis no mercado atual estão a desvalorização atribuída ao dinheiro de metal e a cultura de guardá-lo nos tradicionais “cofrinhos” e esquecidos nas gavetas.

Segundo o site do Banco Central, de cada quatro moedas fabricadas no Brasil, uma está fora de circulação, o que representa 27% das moedas fabricadas após o Plano Real. Mais de R$ 500 milhões estão em cofrinhos ou no fundo dos bolsos e das bolsas dos brasileiros, ou seja, até agosto de 2012, quase 30% das moedas brasileiras estão fora de circulação no país.

Se o Banco Central quisesse emitir todos os mais de R$ 500 milhões de moedas que deixaram de circular, o Brasil teria que gastar mais de R$ 1 bilhão para produzi-las. "Guardar dinheiro é bom, mas chega uma hora que tem que abrir o cofrinho, caso contrário, vai faltar pra todo mundo, principalmente no comércio”, alerta Jorge Eloy, da Associação dos Representantes de Bancos.

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