Fonte: httpcantinhodateodosia.blogspot.com |
A Fundação SOS Mata Atlântica
e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgaram na última
terça-feira, dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, no
período de 2010 a 2011. Os dados completos podem ser acessados nos sites
www.sosma.org.br e www.inpe.br. De acordo com o balanço, 100% das áreas das
cidades do Litoral Norte estão inclusas em leis que visam cuidados e
preservação da Mata Atlântica.
Ubatuba apresenta o maior
espaço remanescente, 60.360 hectares, com 71.892 de área do município. Seguido
por Caraguatatuba, que de 48.854 hectares apresentam 35.455 hectares
remanescentes da Mata. Em sequência vem São Sebastião e Ilhabela. Isso
representa mais de 80 % do Litorl Norte, ocupado pela Mata Atlântica. No
balanço antecessor, de 2008, Ubatuba e São Sebastião eram as cidades que em
áreas remanescentes da Mata lideram no Litoral Norte.
O documento mostra ainda que
São Sebastião apresenta dados de desflorestamento, seis hectares, entre
supressão de vegetação de restinga e vegetação de mangue. As demais cidades não
registram números de desflorestamento.
De acordo com a fundação, São
Sebastião possui três áreas consideradas prioritárias para a preservação
ambiental – as ilhas e ilhotas, o Canal e o Parque Estadual (PE) Serra do Mar,
núcleo do município. Em Ubatuba, as praias e costões e as ilhas são as
prioridades. Já em Caraguá é o núcleo do PE, e em Ilhabela, as ilhas que
compõem o arquipélago.
A Mata
A Mata Atlântica é o bioma
mais ameaçado do Brasil: restam somente 7,9% de remanescentes florestais em
fragmentos acima de 100 hectares, representativas para a conservação da
biodiversidade. Considerando todos os pequenos fragmentos de floresta natural acima
de 3 hectares, o índice chega a 13,32%. Da área total do bioma Mata Atlântica,
1.315.460 km2, foram avaliados no levantamento 1.224.751 km2, o que corresponde
a cerca de 93%. Foram analisados os Estados do Espírito Santo, Goiás, Minas
Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e São Paulo e Bahia.
Os dados são apresentados por
Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela
SOS Mata Atlântica; Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do
estudo pelo INPE; e Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação.
Para Marcia Hirota, o alerta
dado no ano passado parecem não ter sido suficiente. Entre os Estados avaliados
em situação mais crítica estão Bahia e Minas Gerais, sobretudo nas regiões com
matas secas. Já Flávio Ponzoni ressalta que a cada edição a avaliação tem sido
feita com mais agilidade e maior precisão, validando os desmatamentos em
imagens recentes de alta resolução e com trabalhos de campo. A base está sendo
complementada com as áreas de campos naturais, várzeas, matas ciliares de forma
a tornar as próximas versões mais completas e permitir um melhor monitoramento
dos impactos negativos decorrentes das alterações do Código Florestal.
“Neste momento de crise, com
o desmonte da legislação brasileira e a alteração do Código, é importante ter
esse tipo de informação qualificada sendo gerada periodicamente para dar
suporte a políticas públicas. Este é um ano de eleições e é fundamental que os
candidatos a prefeito saibam qual é a base de Mata Atlântica que possuem em seu
município e se comprometam com a proteção e recuperação da floresta”, diz Mario
Mantovani. Nos últimos 25 anos, a Mata Atlântica perdeu 1.735479 hectares, ou
17.354 km2.
Os municípios
Os novos dados do Atlas dos
Remanescentes Florestais da Mata Atlântica indicam também o desflorestamento de
cobertura nativa por municípios. Para Mario Mantovani é importante que os
municípios brasileiros sigam o que diz a Lei da Mata Atlântica e criem seus
Planos Municipais de Conservação e Recuperação do bioma, uma espécie de Plano
Diretor para orientar a gestão e uma ferramenta para garantir a continuidade
das ações de proteção ambiental em diferentes governos.
Confira o ranking completo
das 100 cidades que mais tiveram desmatamento e também os municípios mais
críticos de cada Estado no relatório completo do Atlas dos Remanescentes
Florestais 2010-2011, no servidor de mapas http://mapas.sosma.org.br.
O Atlas dos Municípios da
Mata Atlântica revela a identificação, localização e situação dos principais
remanescentes florestais existentes nos municípios abrangidos pelo bioma. Por
meio do IPMA (Índice de Preservação da Mata Atlântica) – indicador criado pela
SOS Mata Atlântica e pelo Inpe –, torna-se possível ranquear os municípios que
mais possuem cobertura vegetal nativa. Os dados e mapas podem ser acessados
pela internet, nos sites www.sosma.org.br,www.inpe.br ou diretamente no
servidor de mapas.
Aplicação da Lei
A Mata Atlântica, complexo e
exuberante conjunto de ecossistemas de grande importância, abriga parcela
significativa da diversidade biológica do Brasil, reconhecida nacional e
internacionalmente no meio científico. Lamentavelmente, é também um dos biomas
mais ameaçados do mundo devido às constantes agressões ou ameaças de destruição
dos habitats nas suas variadas tipologias e ecossistemas associados.
O alto grau de interferência
na Mata Atlântica é bastante conhecido. Desde o descobrimento do Brasil pelos
europeus, os impactos de diferentes ciclos de exploração, da concentração das
maiores cidades e núcleos industriais e da alta densidade demográfica, entre
outros, fizeram com que a vegetação natural fosse reduzida drasticamente. Temos
hoje apenas 7,9% (101.770km2) de remanescentes mais preservados em áreas acima
de 100 hectares. Esse total desconsidera a área do bioma Mata Atlântica do
Estado do Piauí, que até o momento não foi mapeado.
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