Não consigo mais assistir à TV
e presenciar a cara de deboche do ministro Gilmar Ferreira Mendes, vulgo Gilmar
Mendes, com aquela sua boca despencada parecendo o caricato João Plenário, sem
sentir uma pontada de indignação cá dentro do peito.
São tantas as suas mazelas,
ditas jurídicas, que seria impossível enumerá-las aqui. Seus posicionamentos e
decisões se constituem em verdadeiras aberrações, algo execrável e que atenta
contra o bom-senso e os mínimos sentimentos de justiça que cada um traz
arraigados dentro de si.
De uns tempos para cá –coisa
que ainda não está muito bem explicada, mas que certamente o será no desenrolar
de toda esta novela– o tal ministro deu de mostrar os seus dentes e garras
afiados, confrontando sempre o trabalho primoroso realizado pela operação
Lava-Jato, que tem por finalidade fazer justiça, colocando no xilindró uma
quadrilha de políticos e apaniguados seus que ousaram saquear os cofres públicos.
Para ele, ao que parece, a
opinião pública que se “exploda”.
Chegando ao topo do Poder
Judiciário pela porta dos fundos, utilizando-se de um viés político, no
princípio o ministro mostrava-se cauteloso. Mas foi assim até que seus amigos,
ou amigos dos amigos, tivessem uma querela qualquer que os envolvesse na
operação “prende-bandido”. Aí, mostrou sua verdadeira faceta, a faceta de um
político qualquer, com todos os seus defeitos congênitos, mas agindo sob o
manto protetor de uma toga e o silêncio conivente de colegas.
O que se viu a partir daí foi
um derrame de inexplicáveis concessões de “habeas corpus” e coisas tais,
patrocinado pelo ministro “destranca-celas”, beneficiando bandidos
preventivamente presos na maior operação de caça ao corrupto de que se tem
notícia no país. É como se ele assim proclamasse: “aos meus amigos, tudo”,
expondo publicamente as suas companhias. Sequer se dignou a declarar-se suspeito
ao julgar o pedido de liberdade de um “amigo” que lhe mandava flores – se é que
eram realmente flores que se lhe enviavam.
Gilmar Ferreira Mendes, este é
o nome da nossa encrenca no momento. Gilmar, afinal, qual é a tua?
Editorial do jornal A Melhor Idade,
de setembro/2017
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