terça-feira, 11 de junho de 2013

Projeto de lei em Ilhabela quer proibir consumo de bebida em área pública

Comerciantes acreditam que medida vai fortalecer turismo consciente.
Advogado diz que proposta pode infringir direito de consumo das pessoas.
Beber uma cerveja, um vinho ou destilado pelas ruas de llhabela, no litoral norte de São Paulo, pode virar crime. Essa é a intenção de um projeto de lei em tramitação na Câmara que prevê proibir o consumo de bebidas alcoólicas nas vias públicas da cidade.
Pela proposta, que ainda será votada pela Câmara, o consumo fica proibido em calçadas, ruas, praças e até do lado de fora de campos de futebol, ginásios e espaços esportivos. O texto libera, porém, o consumo em eventos que forem feitos em locais públicos e nos bares e lanchonetes que tiverem áreas de atendimento externas.
A proposta da nova lei partiu de três vereadores que querem evitar que - principalmente os jovens - usem as ruas como ponto de encontro para reuniões regadas a bebidas e música alta. Ainda não existe data definida para a votação da proposta.

A vereadora Rita Gomes (PTdoB), é uma das autoras do projeto de lei. “Já temos a lei do som, então a gente tem que ir somando os argumentos, daquelas situações de risco que envolvem os jovens e expõe toda a sociedade e fazer a fiscalização”, defende.

Já para o vereador Luiz de Araújo (PCdoB), se aprovada, a lei pode prejudicar o turismo na cidade. “A nossa vocação é o turismo e é normal o cara sair do trabalho e tomar uma cerveja ou um casal apaixonado tomar um vinho na beira do mar. Nunca proibir foi a melhor maneira de combater alguma coisa”, disse Araújo.
Segundo a Câmara, para garantir o cumprimento da Lei, o projeto sugere que a prefeitura firme convênio com a Polícia Militar e imputa ao infrator assinar termo de ciência e arcar com medidas penais cabíveis em caso de desobediência. As medidas não foram informadas.

Turismo
A Associação Comercial e Empresarial de Ilhabela informou que a medida pode beneficiar o comércio organizado, que vem sofrendo com a bagunça de turistas e moradores. “Isso vai proibir os motoristas de carros que ligam o som muito alto e depois ficam bebendo nas ruas, com adolescentes, principalmente no Perequê e na Vila”, afirmou ao G1 presidente da associação, Leopoldo Pedalini Neto.

Segundo Neto, a medida não deve afastar o turista, e sim, atrair de volta quem quer aproveitar de verdade o turismo e consumir na própria cidade. “Muitos turistas se retiraram daqui com uma má impressão dessa bagunça. Acho que se a lei for bem esclarecida, vai ajudar a trazermos o turista de volta”, afirma.
Constituição
Mesmo antes de ser aprovada a medida gera polêmica. Para o advogado Luis Carlos Pêgas, a medida soa inconstitucional, uma vez que a constituição restringe apenas a propaganda e a exposição de bebidas publicamente. “Não existe punição correspondente à proposta. A lei pode infringir o direito da pessoa de escolher o que ela quer e onde quer consumir”.

Pêgas também acredita que se a lei for aprovada e uma pessoa autuada, ela pode se defender com base na constituição. “Nesse caso pode ser feito até políticas públicas para que possa se inibir o consumo”, avalia.
Foto: Leninha Viana

Caraguablog/JFPr

0 comentários: