A
população de Caraguatatuba está vivendo um drama por causa do serviço público
de saúde.
É
claro que o serviço prestado pela Casa de Saúde Stella Maris nunca esteve imune às críticas. Construtivas ou não, na
verdade, algumas até radicalizando pela necessidade da intervenção do Município
para a melhora do atendimento.
Mas,
refletindo, pergunto: Quem diria que a instalação de um novo prédio de
saúde pública, que deveria servir como mais uma alternativa deste serviço à
população, iria se transformar num caos para o atendimento á saúde da cidade?
O caos,
entretanto, reflete o descaso da Administração com as prioridades traçadas pelo
COMUS que é o órgão competente para priorizar a política de saúde do município.
Também reflete os equívocos no planejamento das mudanças de atendimento e é o
resultado do “jogo de braço” com o
Prefeito, este mais habilitado a impor suas regras e notadamente resistente a dialogar
com a administração da saúde em geral.
Desde logo, não se pode ignorar que a
instalação dessa nova Unidade de Pronto Atendimento, estava prevista pelo COMUS
para o Bairro do Porto Novo. Ignorando a prioridade fixada, optou-se por sua
implantação em local estratégico para impactar a opinião pública e “competir”
com a Santa Casa.
Pois bem, ao deixar de repassar para a
Santa Casa, a quantia que era utilizada para custear os salários dos médicos, especialistas
e para o pagamento dos materiais e medicamentos utilizados em mais de 600
atendimentos diários do Pronto Socorro - casos de acidentes, urgências e outros
semelhantes - e consultas, sabia que estava criando um grave problema à saúde
pública. Sabia que estava levando a população a vivenciar o drama.
Para
tanto, a Prefeitura repassava R$ 1.100.000,00 e ainda repassa a quantia de mais
ou menos R$ 670.000,00 referentes ao contrato para internações, maternidade e
atendimentos do gênero que também repassava antes. E apenas este contrato
permanece até hoje. Ora, não era mesmo possível atender toda aquela demanda com
o corte de mais de dois terços dos recursos.
Apesar de tudo isto, a Santa Casa
continuou prestando TODO o serviço que prestava, incluindo o atendimento em
Pronto Socorro. É lógico, com prejuízo financeiro e para o atendimento.
É óbvio que os responsáveis pela atual
gestão da saúde pública sabem que esta quantia é insuficiente, mormente porque
as pessoas que estão gerenciando a saúde em Caraguatatuba foram os responsáveis
pela transição que se deu quando cuidavam da saúde em São José dos Campos.
Lá, em São
José dos Campos, como aqui, quando se mudou o sistema de atendimento, estes
mesmos gestores também excluíram a Santa Casa do sistema de atendimento á
população. Foi um caos só. Tanto que a atual administração está reatando o
convenio com a Santa Casa em São José dos campos.
Contudo, em
São José dos Campos, como estão fazendo aqui, contrataram uma “Organização
Social” para a qual faziam repasses de algo em torno de R$
8.000.000,00 mensais para um Hospital com 350 leitos. Vejam a distorção: aqui
em Caraguatatuba, o atual repasse é de R$ 700.000,00 para 160 leitos.
É lamentável
para nós caraguatatubenses termos que assistir este drama: A Casa de
Saúde Stella Maris está sendo asfixiada dessa forma, o que é
um verdadeiro desrespeito à sua história de mais de 60 anos de bons serviços
prestados ao nosso povo e aos turistas, lembrando, inclusive, que grande parte
da nossa população é nascida nas suas dependências, cuja estrutura também
socorreu o povo por ocasião da catástrofe e salvou milhares e milhares de vidas
dos que se acidentaram em nossas rodovias, especialmente na Rodovia dos
Tamoios.
É lamentável
que se perca uma longa história de serviços prestados e atendimentos
inestimáveis, ainda que se possa lançar na conta da Casa de Saúde Stella Maris, momentos de queda na
qualidade do atendimento médico-hospitalar.
É doloroso
ver nossos cidadãos precisando do atendimento do Pronto Socorro e não tê-lo a
contento, obrigando-se a se socorrerem de São Sebastião e São José dos Campos.
Na verdade, é
mais um ataque à tradição caraguatatubense, que a Unidade Hospitalar tenha que
ser vendida por falta de recursos financeiros e, fazendo um parêntesis, quero
lembrar que a Prefeitura não pagava qualquer valor a título de aluguel pela
utilização do prédio e instalações da Casa de Saúde Stela Maris.
Agora, fornece o prédio, as instalações, os
equipamentos para a “terceirizada” o que representa outros custos além das
quantias que serão repassadas.
A verdade é
que, com esse impasse, a população está sofrendo muito, pois, a atual estrutura
criada pela Administração não comporta toda essa demanda e não tem capacidade para
atender os casos mais complexos que precisarem de atendimento cirúrgico e de
UTI.
A Casa de
Saúde Stela Maris e a população de Caraguatatuba não merecem
passar pela situação que estão passando. A inflexibilidade da administração é
marcante e o drama adrede criado, desnecessário e lamentável.
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