segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Estudantes e moradores prestigiam bate papo sobre caiçaras no Batuíra


Público ouve várias histórias sobre o modo de vida caiçara

A primeira edição do projeto ‘Conversas Caiçaras’ reuniu a comunidade sebastianense para um bate papo informal sobre o tema “O Trabalho no Litoral Norte”, na noite de sexta-feira 19, no Centro Cultural de São Sebastião Batuíra, no bairro São Francisco, região central do município. O projeto é uma realização da Secretaria de Cultura e Turismo do município em parceria com a Etec (Escola Técnica Estadual).

O objetivo do ‘Conversas Caiçaras’ é realizar encontros com alunos, artistas e formadores de opinião da região para traçar um painel do Litoral Norte já com datas previstas para ocorrer, isto é, toda terceira sexta-feira de cada mês.

A secretária de Cultura e Turismo, Marianita Bueno, destacou a importância do projeto realizado em parceria com a Etec. “Não posso deixar de lembrar que é mais um movimento desta Administração para trazer e resgatar a vida caiçara”, frisou.

O diretor da Etec, Cícero Monteiro, também afirmou ser a iniciativa “o marco inicial para resgatar o que São Sebastião tem de melhor, ou seja,  a cultura caiçara”.

História

A abertura contou com a apresentação do Coral Municipal “Maestro Sinésio Pinheiro”, sob a regência de Selma Boragian.

A jornalista Priscila Siqueira, atual presidente do Conselho da Condição Feminina, relembrou os costumes da população e o desenvolvimento do Litoral Norte no início do século XX, lembrando que a região foi extremamente rica nessa época. Segundo ela, a partir daí a região entrou numa crise econômica.

Priscila falou sobre o modo de vida do caiçara, que antigamente, vivia da pesca, da roça de consumo e do artesanato. “O mar é que dava a vida para o caiçara, mas hoje ele prefere usar o barco de pesca para o turismo”.

Ela lembrou ainda que com a construção da rodovia Rio-Santos, na década de 70, muitos caiçaras perderam suas terras. “Temos a obrigação de tentarmos manter a cultura caiçara, pois é o nosso patrimônio. O povo que não tem passado não constroi o seu futuro”, concluiu a jornalista.

O fotógrafo sebastianense Edvaldo Nascimento também lembrou os costumes e o modo de vida dos caiçaras de São Sebastião. “No início do século XX, a vida dos moradores era muito difícil. Não tínhamos cursos para estudar e as pessoas de outras cidades é que vinham para trabalhar no litoral”.

Segundo ele, a maioria dos jovens, na época, trabalhava no comércio ou na pesca, e os pais não tinham condições de manter os filhos nas escolas. “Muitos tiveram que ir embora de São Sebastião para estudar ou trabalhar”, observou.

Nascimento contou ainda que trabalhou na pesca e em 1967, começou a trabalhar com fotografia inspirado no trabalho do fotógrafo sebastianense Agnelo Ribeiro Santos, um dos pioneiros do município. “Assim como ele, aprendi sozinho a fotografar e comecei a trabalhar nesta área”, lembrou o servidor público municipal lotado no departamento de Patrimônio Histórico que mantém uma coluna de fotos antigas em um jornal local.

Para a estudante do curso de Turismo Receptivo da Etec, Franciele dos Santos Souza, a iniciativa do projeto é muito importante. “É uma oportunidade única de ouvir as histórias e os costumes dos moradores mais antigos do município”, comentou.
Texto e foto: PM/SãoSebastião

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