Exposição “Marcas da Alma” traz uma coleção de artefatos encontrados no sítio arqueológico São Francisco
Ao longo de 20 anos de pesquisa no sítio arqueológico São Francisco, localizado na região central de São Sebastião, pesquisadores encontraram durante escavações uma coleção de peças em cerâmica produzidas pelos africanos e afrodescendentes que habitaram o local.
Parte deste material constituirá a exposição “Marcas da Alma: uma viagem pela cultura afro-brasileira através das marcas corporais”, a ser realizada na Galeria 2, da Caixa Cultural, no Rio de Janeiro (RJ), de 11 de novembro a 27 de dezembro.
A exposição é realizada em parceria entre a Administração Municipal, por meio da Fundação Cultural e Educacional de São Sebastião Deodato Santana e a Conceito Humanidades. O evento conta ainda com o apoio do Iphan /SP (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional).
Desafios
Ao todo, serão expostas 60 peças, sendo 26 cachimbos, 27 peças inteiras (reconstituídas), cinco fragmentos de borda de panelas, uma escultura e uma farinheira.
Segundo o diretor de Arqueologia da Fundação e responsável pelo Sítio, Wagner Bornal, algumas peças puderam ser reconstituídas, através dos fragmentos encontrados. A reconstituição foi feita pela arte-educadora, Maria Aparecida Ivanov, que trabalha com cerâmica há mais de dez anos.
Para ela foi um grande desafio fazer este trabalho. “Eu nunca uni fragmentos tão antigos com um material moderno. A minha maior dificuldade foi conseguir fixar os dois materiais. Estou muito feliz por ter dado certo”, disse Cida, como é popularmente conhecida.
Ainda de acordo com Bornal, as cerâmicas encontradas no São Francisco possuem gravuras étnicas que afirmam a identidade dos africanos. “Quando se tornaram escravos, os negros não podiam expressar sua cultura. A forma que encontraram para perpetuar sua tradição foi incluir suas marcas étnicas por meio de grafismos nas cerâmicas”, explicou o arqueólogo. “Estas figuras estão ligadas às marcas culturais dos africanos. Através destes artefatos, podemos saber mais sobre a influência cultural dos negros em nosso município, a qual é tão pouco difundida”, completou.
Para a secretária de Cultura e Turismo, Marianita Bueno, a exposição, além de divulgar o nome da cidade em outro estado, ainda é uma grande oportunidade para a difusão cultural, pois expõe as peças arqueológicas encontradas no Sítio. “Eventos como este propiciam a democratização das informações e o acesso à cultura para a comunidade em geral”, destacou Marianita.
Fotografias
A exposição conta também com fotografias de José Christiano Jr, datadas do século XIX, e uma fotografia de Marcello Vitorino, das marcas corporais de iniciação do candomblé.
O evento ainda terá sonorização, produzida pelo Estúdio Jacarandá de São Paulo.
Na quinta-feira 10, às 19h30, será realizado o coquetel de abertura, com a participação da equipe da Caixa Cultural do Rio de Janeiro. A partir do dia 11, a exposição será aberta ao público.
Serviço: A exposição poderá ser vista de terça a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 10h às 21h. A entrada é franca e a classificação indicativa é livre. A Caixa Cultural fica na avenida Almirante Barroso, 25, Centro, no Rio de Janeiro.
Fonte: foto e texto –
Depto Comunicação/PMSS
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