Ele foi chamado Mensageiro da Esperança pelo jornalista Salim Burihan...
O seu nome é José Francisco Machado. Tem 71 anos e o seu hobby é caminhar pelas ruas de Caraguá e levar mensagens de esperança às pessoas. Quando cisma, vai também a São Sebastião, Ilhabela, Ubatuba. Detalhe: faz isso a pé.
José Francisco Machado, solteiro, sem mulher ou filhos, não tem celular, não tem computador, não tem carro, nem moto. Não anda de bicicleta. Também não possui uma máquina fotográfica digital. Como aposentado do INSS há 22 anos, num bom cargo em São José dos Campos, ele tem dinheiro de sobra para comprar isso tudo, mas prefere abrir mão das coisas da modernidade e viver uma vida comum.
Nascido joseense em 26 de dezembro de 1940, já teve o passatempo de tirar fotografias utilizando máquina comum, daquelas com revelação e ampliação caríssimas. Tem milhares de fotos em casa. Parou de curtir o “clique” desde que a onda foi o uso de máquinas digitais com visualização no computador.
Esguio, bem disposto –um tanto vaidoso, pois pinta o cabelo–, Machado não demonstra a idade que tem. Caminhar é com ele mesmo. Quanto bate na telha, dá um pulinho a São Sebastião, saindo cedo de casa, munido de alguma fruta e água, e pé na estrada. Faz todo o trajeto, ida de volta, sempre a pé.
Também já foi a Ubatuba caminhando, em mais de uma oportunidade, para visitar um tio que mora na Lagoinha. Também já foi, mais de uma vez, à Praia dos Castelhanos, que fica do outro lado da Ilhabela, sempre saindo cedo de Caraguá e a pé. Já foi ao norte da Ilha e às praias do sul de São Sebastião.
Outra curiosidade em torno de Machado é que ele adora escrever. Escreve cartas a jornais reclamando de tudo a que um cidadão de bem tem direito. Foi assíduo na coluna do leitor do jornal ValeParaibano, sempre abordando temas polêmicos, alfinetando principalmente políticos e exigindo solução para os problemas apontados.
Nunca foi bem visto por essa sua disposição de rasgar o verbo, doa a quem doer, e mandar publicar a carta. Teve época em que as pessoas, inconformadas com alguma coisa, pediam-lhe para escrever a “bronca”. Machado, todavia, não faz mais isso hoje, pois as pessoas costumam “pular fora” na hora de enviar a carta, temerosas de represálias. Coisa comum no mundo político-emporcalhado de hoje.
Machado, que tem uma casa na rua Aparecida, no bairro Ipiranga, em Caraguá, também gosta de escrever poesias e versos, principalmente textos que enaltecem a vida e levam conforto às pessoas. “Faço isso porque gosto e por acreditar que as mensagens podem ajudar a melhorar a vida das pessoas”, costuma dizer.
Ele escreve e ele mesmo banca as centenas de cópias que retira, saindo depois pela cidade e distribuindo-as às pessoas, fazendo todo o percurso a pé. As datas comemorativas também são a sua predileção. Sempre escreve alguma coisa sobre o Dia da Enfermeira, do Médico, do Advogado, das Crianças, da Mulher, Ano-Novo, Natal...
Ele tem sempre uma mensagem positiva para passar adiante, levantando o moral das pessoas. Por isso Machado chegou a ser objeto de matéria do jornal do Salim Burinham, o Notícias das Praias, em sua edição de número um, de fins de 2009. Ali ele foi chamado de O Mensageiro da Esperança. Merecidamente, diga-se de passagem.
José Francisco Machado, entretanto, tem uma queixa: sofre perseguição. Não sabe de quem e atribui as dificuldades que lhe colocam à frente a forças ocultas. De fato, existem pessoas que procuram atrapalhar a sua atividade de Mensageiro. Ele relata o caso de uma casa de fotocópias da cidade, que lhe fechou as portas alegando que sofria ameaças por ajudá-lo.
Machado diz que não tem problema, não. Fala que compreende a fraqueza da natureza humana e a deficiência de caráter das pessoas. E, como Mensageiro, segue em frente, levando suas mensagens de esperança, otimismo e amor ao próximo...
Veja o vídeo da entrevista
Eis o texto do jornal Notícias das Praias, edição nº 01, final de 2009:
O Mensageiro da Esperança
Ele caminha mais de 15 quilômetros por dia distribuindo xérox de mensagens, versos e poemas para as pessoas que trabalham no comércio de Caraguá. Gasta pelos menos de duas a três horas por dia fazendo isso. Por mês, dedica cerca de R$ 2 mil de sua aposentadoria na produção das cópias.
O que leva uma pessoa de 69 anos, aposentada do serviço público federal, a distribuir quase que diariamente mensagens xerografadas para as pessoas, que nem sempre conhece? Por que fazer isso durante 20 anos, sem qualquer interesse comercial ou político?
“Acredito que as mensagens podem melhorar a vida das pessoas, principalmente das que trabalham”, responde José Francisco Machado. É ele, que diariamente, percorre as grandes lojas, bancos, órgãos federais, estaduais e municipais e o comércio de uma maneira geral, distribuindo os folhetos xerografados.
Machado, aposentado do INSS, faz isso há cerca de 20 anos. Ele mesmo escolhe os textos, faz as cópias e entrega pessoalmente as mensagens. As pessoas lhe perguntam se trata de alguma promessa. “Não, não se trata disso...Faço isso porque gosto e por acreditar que as mensagens podem ajudar a melhorar a vida das pessoas”, responde.
Ele afirma que as mulheres se sensibilizam mais que os homens e que a maioria das pessoas não repassa os folhetos para as outras pessoas lerem. E reclama: muitas lojas e até repartições publicam impedem a distribuição das mensagens. “Não entendo porque agem assim”, lamenta. Machado nunca contou com qualquer tipo de patrocínio para suas despesas. Ele arca com todas as despesas. Ele se acha um mensageiro da esperança.
Machado vive sozinho, não tem mulher e nem filhos. Para ele distribuir as mensagens é uma rotina que lhe faz muito bem. Por que não distribuir as mensagens através da internet? “Passaria muito tempo preso ao computador. Prefiro percorrer a cidade a pé, conversar com as pessoas e fazer novos amigos”, afirma.
Ele percorre diariamente o trecho entre os bairros do Ipiranga e Indaiá, faça chuva ou faça sol. Apesar de ter apenas o segundo grau completo, Machado escreve muito bem. No passado vivia escrevendo para a coluna do leitor do jornal Valeparaibano. Muita gente lhe procura para escrever reclamações e reivindicações às autoridades públicas. “Na hora de assinar a reclamação, a maioria caí fora temendo algum tipo de represália. Por isso, parei de escrever para as pessoas”, conta.
Qual a mensagem que mais repercutiu? “Foi a Jesus no SUS. Conta que Jesus vestiu um jaleco e foi prestar serviço num posto do SUS. Ele assumiu o lugar de um médico que estava exausto de tanto atender as pessoas. O primeiro a ser atendido foi um paciente que estava numa cadeira de rodas. Jesus passou a mão na cabeça dele e disse: levanta e anda. O homem levantou e andou. Um paciente que aguardava a vez de ser atendido ao ver a cena, reclamou: Médico é tudo igual, nunca examinam direito a gente...
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