domingo, 14 de agosto de 2011

Crônica: Uma casa vestida só de conchinhas...

Quem passa pela rua da praia, em Caraguá, indo em direção do bairro Porto Novo, depara-se com uma casa toda revestida de conchinhas do mar, a alguns metros antes de cruzar o Rio Lagoa.

O muro é todo recoberto. Numa rápida olhada, constatamos que a casa principal também tem o mesmo acabamento. Até a lixeira e a floreira defronte do imóvel são cobertas com as pequenas conchas, que o caiçara local chama de “bibigão”, uma versão no nome oficial “berbigão”.

“Bibigão” são essas conchinhas que a gente encontra na beira da praia às milhares, com maior predominância nas praias Indaiá, Pan-Brasil, Palmeiras, Porto Novo e outras nessa direção do sul da cidade. É um molusco bivalve – de duas conchas que se fecham.

O “bibigão” é também conhecido por vôngoli e integra pratos da alta culinária, principalmente na Europa. É iguaria saborosíssima, que se degusta a partir de um simples cozimento, depois de deixá-lo de molho em água do mar para perder a areia. Outros preferem adicioná-lo no molho de macarrão. Seja como for, é uma delícia.

O “bibigão” é pego com muita facilidade nessa região. Basta escavar chão, sob a água, com os pés, que eles aparecem às centenas. É comum ver milhares de suas conchas espalhadas pela orla da praia, enfeitando-a com suas formas, desenhos e cores.

Brincar de recolher conchinhas na praia, como fazem as crianças com seus baldinhos, dizem que é um santo remédio para curar o estresse do dia a dia.

É preciso, todavia, estar atento ao transitar pela rua da praia, senão o detalhe do imóvel acaba passando despercebido. Isto demonstra aquilo que o mar sempre significou para a humanidade: um grande e indevassável fascínio.

Deve ter dado um trabalhão danado recolher cada conchinha e dar a ela um ponto de destaque no muro, na parede. Trabalho também foi assentar uma por uma, numa atividade de formiguinha, encrustando-as como pedras preciosas no metal. Só uma verdadeira paixão pela natureza justifica tamanho esmero e cuidado.

Uns diriam que a casa ficou meio que diferente em relação ao acabamento das demais vistas pelas imediações. Sem sombra de dúvida, ela ficou é muito bonita. Para utilizar uma expressão comum nos anos setentas: ficou bonita pacas...

Quando for dar uma esticadinha ao Porto Novo, até mesmo para curtir a feira que lá se realiza aos sábados, sempre com novidades, ou para comprar peixe fresco no mercado de pescadores que lá existe, prefira ir pela rua da praia.

É sempre bom e instigante dar uma olhadinha na casa das conchinhas e deixar que os pensamentos e as reflexões aflorem e ganhem vida, principalmente nesta época em que o tema meio ambiente está à moda.

A casa das conchinhas é um convite à meditação...




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