sábado, 9 de abril de 2011

'Rouba, mas faz', até quando?

O editorial do Imprensa Livre de 7 de abril trouxe uma reflexão interessante sobre a impunidade que reina em nosso mundinho da política. Ele é sujo, sim. Pior é que parece que estamos nos acostumando a ele e até achando que “meter a mão” no dinheiro público é coisa de somenos importância, convalidando até o maldito “rouba, mas faz”. Onde nós vamos parar desse jeito? E as gerações que vêm por aí, o que dizer a elas? Vale a pena ler a reflexão, da lavra da jornalista Selma Almeida...
Veja a matéria na integraA política e seus interesses
Selma Almeida
Decididamente, a gestão Dilma/Michel não é nem de longe a mesma de Lula/José. A começar pelo vice, cujas denúncias apontam que ele nem poderia concorrer a cargo em eleições, se estivéssemos em um país onde a política tem sentido. Mas como aqui tudo é interesse e obscuro, não me surpreenderia se estas acusações e investigação da Polícia Federal não teria algo por trás, pois que vai “terminar em pizza”, disso tenho certeza. Afinal é um órgão do governo investigando outro setor público. Será que não há interesse em derrubar ou pelo menos manchar mesmo o nome do vice-presidente a mando de um superior?
Mesmo que a investigação seja manobra política não acredito que seja inventada. Pode ser que Michel Temer tenha participado de corrupção. Longe de defender o vice-presidente, estou apenas supondo que o caso veio à tona por algum interesse. Cada vez que o tempo passa, mais acostumada fico com a política brasileira. Não só eu, mas milhões de brasileiro se acomodaram com o bizarro e surreal de nossos políticos, que não param de subestimar nossa inteligência. Chega a ser preocupante esta atitude. Não seria melhor a revolta?
Veja o caso de Michel Temer, por exemplo: em 1995, após assumir seu terceiro mandato de deputado federal pelo PMDB, ele exercia influência política na Codesp, que administra o Porto de Santos. Neste mesmo ano, ele indicou uma pessoa para presidir a Codesp. Durante a gestão deste “afilhado”, uma empresa conquistou o direito de explorar terminais do porto no valor de R$ 17 milhões. Pela acusação, o vice-presidente e este administrador do porto receberam cada R$ 640 mil desviados.
A Polícia Federal garante que neste tempo enviou (via correio) dois ofícios para que Temer marcasse uma data para ser ouvido em depoimento. Ele tinha a regalia de poder marcar uma data em razão do cargo que ocupava como presidente da Câmara. O atual vice-presidente nunca atendeu o ofício, alegando que nada recebeu. E pior, disse em entrevista recente, que “isso é coisa velha. Mais do que velha, antiqüíssima”. E daí? Que seja do século passado, a corrupção existiu e o tempo não apaga o caráter de um corrupto.
No final da história o que podemos calcular é que Temer esperava que o caso prescrevesse? Não é demais a política brasileira? Então é assim? Detentores de cargos públicos majoritários, mesmo com um belo “podre” no passado, cujo inquérito não concluiu, podem usufruir livremente de reeleições, ocuparem cargos altos, no caso presidente da Câmara, se candidatar para vice-presidente da República e ainda ignorar a investigação, se achando acima do bem e do mal?
Políticos como Paulo Maluf, José Sarney e agora Michel Temer têm uma armadura que ninguém consegue deter. São várias denúncias ignoradas por todos, aliados, opositores e Justiça. A influência e o dinheiro realmente fazem a diferença na política. Meu Deus! Quando isso vai acabar?
O Blog de Caragua - k

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