Ambientalistas do litoral
norte de São Paulo, especialmente de São Sebastião e Ilhabela, se dizem
preocupados com a grande quantidade de navios petroleiros que estão fundeados
no canal de São Sebastião aguardando atracação para descarregar petróleo no
terminal da Transpetro. Segundo biólogos e oceanógrafos da USP, além de
entidades da sociedade civil de Ilhabela ligadas a questões ambientais, a
presença dos grandes navios petroleiros próximo às praias vem causando impacto
ambiental marinho, no ambiente externo (acima do mar) e poluição do ar.
O diretor de um instituto diz
ter visualizado 23 navios petroleiros aguardando atracação. Segundo os
ambientalistas, os navios vêm desrespeitando a área de fundeio e
"estacionando" próximo às praias. Moradores relatam que de madrugada
é possível ouvir som dos motores e caldeiras dos navios e até de vozes dos
tripulantes. Segundo biólogos do Centro de Biologia Marinha da USP, o som dos
motores se propaga por vários quilômetros no fundo do mar, causando sérios
problemas à vida marinha, principalmente no Santuário Marinho localizado entre
a Ilha das Cabras e a Praia do Portinho, em Ilhabela. As espécies mais afetadas
seriam golfinhos e baleias, que têm sua reprodução prejudicada.
As entidades alertam para os
casos de descarte de lixo ou resíduos provenientes da lavagem de tanques dos
navios, que poluem o mar e tornam as praias em seu entorno impróprias. O vaivém
de navios também provoca, segundo a USP, o surgimento de espécies oriundas de
outros países presas aos cascos, provocando desequilíbrio.
Segundo o Instituto
Oceanográfico da USP, surgiram nos últimos anos diversas espécies de parasitas
que pegaram "carona" nos navios vindos de outros países. Essas
espécies entram em competição com as espécies nativas e, por chegarem a um lugar
novo, não têm predadores. O coral sol e algumas espécies de mexilhões são
algumas delas.
As ampliações do porto de São
Sebastião (que aumentará a capacidade de um para 12 navios) e do terminal da
Transpetro (aumentará de quatro para oito navios) preocupam os ambientalistas,
já que no EIA/Rima (estudo de impacto ambiental e relatório de impacto
ambiental) da ampliação do porto consta o surgimento de nove pontos de fundeio
dentro do canal de São Sebastião. Eles criticam a falta de fiscalização da Marinha.
Estadão Conteúdo
Foto: Exame
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