domingo, 21 de julho de 2013

Ilhabela: Casa beira-mar tem estrutura em módulos e se integra à paisagem

Embaúba é uma árvore de sombra generosa, típica do litoral brasileiro, que empresta seu nome a esta casa projetada pela arquiteta Flávia Cancian. Na residência localizada em Ilhabela, costa norte de São Paulo, a topografia, o solo, o sistema construtivo e a implantação da obra foram desafiadores. E, além das dificuldades construtivas, a presença de uma mata vizinha de preservação permanente - com árvores ainda em crescimento -, demandava cuidados e deveria ser considerada como fator determinante no projeto, de modo que as árvores fossem mantidas, bem como evitada a obstrução futura da vista. 
O lugar, de rara beleza, está na cota que se distancia apenas 100m do nível do mar e num ponto onde a vista se abre do continente para o resto da baía. A casa fica situada num condomínio e o terreno com 960 m² - sendo 24 metros de frente outros 40 m de profundidade -, além de acentuada declividade (40%) e solo muito rochoso, dificultando a execução das fundações. “A primeira dificuldade a ser vencida foi encontrar a cota mais adequada à implantação da casa”, conta Cancian ao explicar que também foi necessário “respeitar a legislação da ilha e conciliar a privacidade dos ambientes com o desejo de transparência”.

Assim, além de contemplar todas essas particularidades, houve não só o cuidado de providenciar um generoso recuo frontal, de modo a criar um grande jardim, como o de considerar a questão da insolação: o corpo principal da casa sofreu uma pequena rotação em relação às divisas laterais, de modo a atenuar a incidência do sol na face norte da construção.


O volume superior da Embaúba é caracterizado pelo formato em “V” para ampliar o ângulo de visão que se descortina da generosa varanda percorrendo toda a extensão do pavimento e circunda as quatro suítes e um ateliê instalado no vértice.


No piso inferior, em forma de retângulo, situam-se as áreas comuns deliberadamente integradas – estar, jantar, cozinha e churrasqueira,   voltadas para um grande deck com piscina instalada na laje em balanço com cinco metros de altura. Tal recurso foi deliberadamente aplicado para que, mais uma vez, se tornasse possível o desfrute daquela vista privilegiada. Sob as suítes, uma área suportada por pilotis serve como abrigo para carros, barcos e jet skis.

Sistema construtivo
A forte inclinação do terreno levou a arquiteta a criar uma grande laje de concreto, que define o piso do pavimento térreo. Também foi necessário construir um muro de contenção da área aterrada que, por sua vez, viabilizou a instalação de um jardim plano na entrada da casa. Na face oposta há apenas dois pilares, que suportam também o trecho em balanço da piscina. “Foi um recurso que adotamos para otimizar as fundações, dado o terreno cheio de pedras e muito inclinado”, esclarece a arquiteta Flavia Cancian.
Todos os componentes construtivos da casa, acima dessa laje, são de madeira cumaru certificada, montados em apenas um mês. Trata-se de uma estrutura sofisticada e racionalizada, constituída por sistemas de encaixe das peças e cuja modulação ajuda a organizar espacialmente os ambientes, pois as grandes vigas transversais definem os usos de cada espaço (jantar, estar, cozinha, etc.).

Os fechamentos
A Casa Embaúba possui três tipos de fechamento. Na face sul, voltada para o jardim, foram utilizados painéis cegos de placa cimentícia, fixados na alvenaria, que além de assegurar privacidade, protegem a estrutura de madeira da umidade. Para contrabalançar o peso opaco do concreto, painéis de vidro com caixilharia de alumínio comparecem na maior parte dos ambientes e proporcionam a tão desejada transparência. Nos quartos e portas de entrada, as venezianas - em réguas verticais de cumaru - arrematam o conjunto.

Coesa e acolhedora, a Casa Embaúba, já conquistou prêmios de arquitetura e tornou-se o cenário perfeito para períodos de veraneio e momentos de contemplação, além de retratar a o convívio harmonioso da construção com a natureza.

Caraguablog/JFPr

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