O Caraguablog recebeu do doutor Ênio
Ricardo Terra Ferreira (CRM 69636) e-mail solicitando publicação do texto
abaixo, o que prontamente atendemos:
Carta aberta aos médicos e à população brasileira
Há alguns anos, a presidente
Dilma Rousseff foi vítima de grave problema de saúde. O tratamento aconteceu em
centros de excelência do país e sob a supervisão de homens e mulheres
capacitados em escolas médicas brasileiras. O povo quer acesso ao mesmo e não
quer ser tratado como cidadão de segunda categoria, tratado por médicos com
formação duvidosa e em instalações precárias.
Por isso, a Associação Médica
Brasileira (AMB), a Associação Nacional dos Médicos Resisdentes (ANMR), o
Conselho Federal de Medicina (CFM), a Federação Nacional dos Médicos (Fenam)
manifestam publicamente seu repúdio e extrema preocupação com o anúncio de
"trazer de imediato milhares de médicos do exterior", feito nesta
sexta-feira (21), durante pronunciamento em cadeia de rádio e TV.
O caminho trilhado é de alto
risco e simboliza uma vergonha nacional. Ele expõe a população, sobretudo a
parcela mais vulnerável e carente, à ação de pessoas cujos conhecimentos e
competências não foram devidamente comprovados. Além disso, tem valor inócuo,
paliativo, populista e esconde os reais problemas que afetam o Sistema Único de
Saúde (SUS).
Será que os "médicos
importados"- sem qualquer critério de avaliação ou com diplomas validados
com regras duvidosas - compensarão a falta de leitos, de medicamentos, as
ambulâncias paradas por falta de combustível, as infiltrações nas paredes e as
goteiras nos hospitais? Onde estão as medidas para dotar os serviços de infraestrutura
e de recursos humanos valorizados? Qual o destino dos R$ 17 bilhões do
orçamento do Governo Federal para a saúde que não foram aplicados como
deveriam, em 2012? Porque vetaram artigos da Emenda Constitucional 29, que se
tivesse colocada em prática teria permitido uma revolução na saúde?
Os protestos não pedem
"médicos estrangeiros", mas um SUS público, integral, gratuito, de
qualidade e acessível a todos. É preciso reconhecer que é a falta de
investimentos e a gestão incompetente desse sistema que afastam os médicos
brasileiros do interior e da rede pública, agravando o caos na assistência.
Segundo dados da Organização
Mundial de Saúde (OMS), os Governos de países com economias mais frágeis
investem mais que o Brasil no setor. Na Argentina, o percentual de aplicação
fica em 66%. No Brasil, esbarra em 47%. O apelo desesperado das ruas é por mais
investimentos do Estado em saúde. É assim que o Brasil terá a saúde e os
"hospitais padrão Fifa", exigidos pela população, e não com a
"importação de médicos".
A AMB, o CFM e a Fenam -assim
como outras entidades e instituições, os 400 mil médicos brasileiros e a
população conscientes da fragilidade da proposta de "importação" -
não admitirão que se coloque em risco o futuro de um modelo enraizado na nossa
Constituição e a vida de nossos cidadãos. Para tanto, tomarão tomas as medidas
possíveis, inclusive jurídicas, para assegurar o Estado Democrático de Direito
no país, com base na dignidade humana.
ASSOCIAÇÃO MÉDICA BRASILEIRA
(AMB)
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS
RESIDENTES (ANMR)
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
(CFM)
FEDERAÇÃO NACIONAL DOS MÉDICOS
(FENAM)
(Enviado por Enio Ricardo Terra Ferreira, por
e-mail: enio_terra@hotmail.com)
0 comentários:
Postar um comentário