Caraguatatuba bonita, esplendor de beleza rara
|Caraguatatuba onde habita, o cortês e gentil caiçara|Nas fímbrias da serra que
os céus se levanta, à margem formosa de imensa baía, se estende uma terra que
os olhos encanta, a terra onde as praias têm mais alegria | Se sois dentre as
joias a mais reluzente, se dentre as cidades vós tendes mais vida, então não
sois obra divina somente, sois obra de Deus pelos homens polida.
O trecho inicial do Hino de Caraguatatuba bem descreve a
cidade que foi considerada por muito tempo a “princesinha do Litoral Norte”.
Hoje somos um dos principais Polos de Crescimento do Estado de São Paulo,
Referência em Gestão Pública e Centro Comercial e Empresarial do Litoral
Paulista.
A Caraguá de 30 anos atrás, bucólica, pacata e tranquila,
terra de caiçaras e migrantes, era bem diferente da Caraguá atual, moderna,
desenvolvida, terra de oportunidades, de quem quer crescer e ajudar a cidade a
se desenvolver de forma sustentável.
O comércio é pulsante nos calçadões, na orla das praias, nos
shoppings e grandes magazines. Este crescimento tem como corresponsáveis muitos
empresários que chegaram a terra das caraguatás 30 a 40 anos atrás. Eles
investiram tempo, disposição e dinheiro aqui. Fizeram o que podiam e até o que
não podiam para que seus comércios tivessem êxito. E assim aconteceu. Muitos
mascates, vendedores e investidores que tiveram perseverança, vontade de
vencer, e acima de tudo, trabalharam, conseguiram prosperar e vencer.
No mês de aniversário de Caraguatatuba, a ACE faz questão de
parabenizar a todos os comerciantes, caiçaras de origem ou de coração, que
contribuíram para que esta cidade fosse a melhor do mundo para se morar e viver
com uma reportagem especial para a Revista InterfACE Empresarial. E não é só
Caraguá que ‘apaga as velinhas’ neste mês, a ACE também completa 48 anos de
vida no dia 21 de abril.
Parabéns a todos que ajudaram a construir este pedaço de
paraíso!
Conheça a trajetória
de vida de quatro ilustres comerciantes de Caraguá
A ACE levantou em seu quadro associativo, àqueles que
poderiam retratar como foi ver o seu comércio crescer junto com o
desenvolvimento da cidade. A seleção foi difícil, mas chegamos a quatro
entrevistados com ricas experiências de vida. Que todos comerciantes sintam-se
representados neles.
Davi Salamene
De viajante, mascate a um dos maiores
construtores e investidores de Caraguá. Davi nasceu em Araçatuba em 1934 e foi
morar com a família em Mato Grosso quando tinha sete anos. Ali começou a
desenvolver tino para o comércio ao vender rapadura para os soldados. Com 14 anos
rumou para a cidade grande. O primeiro emprego formal foi como varredor de loja
na Rua 25 de Março, na capital paulista. Após seis meses, já era vendedor.
Davi se casou e teve um casal de filhos. Em 1958 veio morar
em Caraguá, uma cidade com, então, 9 mil habitantes. “Eram poucas pessoas e o
comércio bem devagar. Eu vendia ‘muambas’ miúdas como chupeta, grampo de
cabelo, espumadeira, entre outras coisas. Carregava 11 pastas de produtos e
tirava os pedidos de comércio em comércio”, revela.
Nesse tempo, se casou pela segunda vez, com a atual esposa e
teve mais duas filhas e, hoje, seis netos. Resolveu partir para o ramo
imobiliário em 1964. Se credenciou como corretor de imóveis e em 1965 abriu
imobiliária no Calçadão Santa Cruz.
“Eu percebi que a galinha de ouro estava em Caraguá.
Acreditei que o ramo imobiliário iria se desenvolver. Permaneci aqui mesmo após
a catástrofe de 18 de março de 1967. Qualquer chuva atrapalhava o movimento e
tudo parava”, relata.
Davi viu passar vários prefeitos, cada um na tentativa de
melhorar a cidade. Até que em 1997, a cidade começou a mudar. “O comércio
passou a não depender apenas das temporadas e finais de semana. A imobiliária
passou a ter movimento o ano todo, assim como o comércio que cresceu 500%.
Sinto orgulho de mostrar um imóvel bonito, com as ruas asfaltadas, uma avenida
duplicada maravilhosa. Tudo se valorizou. Hoje, faça sol ou faça chuva, temos
turistas”, afirma Davi.
Ele também comentou a importância da Associação Comercial
para melhorar a cidade. “A atual diretoria é composta por empresários capazes e
que trouxeram benefícios aos associados, inclusive os descontos nos convênios
de saúde”, ressalta e finaliza com uma dica aos novos comerciantes locais. “O
sucesso é fruto de bom atendimento, ao turista e ao morador, oferta de serviços
de qualidade e honestidade sempre”.
Miguel Eduardo Pulgrossi
De representante na área de
refrigeração, retífica e organizador de excursão à atual proprietário da única
loja especializada em ventiladores de Caraguá. Miguel morou em São Carlos e
visitou a cidade pela primeira vez em 1969, quando a estrada da Serra do Mar
ainda estava em construção.
Em 1971
percorria Caraguá, São José dos Campos e região como representante de refrigeração.
Dois anos depois, veio definitivamente para Caraguá e começou a trabalhar com
seu irmão Ismael. Em 1988 montou uma retífica de motor de geladeira e vendia
peças do ramo de refrigeração e ventiladores.
Até que uma
empresa que utilizava as sobras dos motores de geladeira, propôs a Miguel, a
troca desses materiais, por ventiladores. Daí por diante, Miguel passou a
vender apenas ventiladores em comércio que há 20 anos está situado no Pontal
Santa Marina (em frente ao Serramar Parque Shopping). “Antes até compra de
supermercado eu fazia em São José dos Campos. Hoje temos hipermercados com
grande variedade de produtos. Os investidores passaram a ver Caraguá de forma
lucrativa, assim como os comerciantes estão investindo em seus negócios e obtendo
lucro”, relata.
Além do
comércio, Miguel também organizou por anos viagens de compras e turismo ao
Paraguai, Foz do Iguaçu e outras.
“Também teve época que abria a loja aos domingos. Hoje a clientela volta
pela qualidade dos produtos, pelo suporte e pelo serviço de instalação
(eletricista), com mão de obra qualificada e preço acessível. Tem outras lojas
que vendem de tudo, mas loja especializada em ventiladores, aqui em Caraguá, só
esta”, confirma.
Miguel tem
dois filhos, um trabalha com ele e o outro cursa o 4º ano de Direito. “O tempo
de plantar ficou para trás, agora é tempo de colher. A cidade está
experimentando um grande desenvolvimento. A Base de Gás trouxe recursos e novos
empregos. Estou muito feliz por viver em Caraguá”, conclui.
Haroldo Di Giaimo
Comerciante desde sempre! Haroldo teve
loja de roupa na Rua Maria Paula, em São Paulo e investiu até em propaganda de
TV. No entanto, após sofrer grande prejuízo com assaltos em sua loja, decidiu
mudar de cidade e de ramo.
Chegou a Caraguá em janeiro de 1963. Abriu imobiliária na
Av. Frei Pacífico Wagner, depois mudou para a Av. Anchieta e há 25 anos está na
Dr. Altino Arantes, em prédio próprio, onde compõe o espaço com sua galeria de
artes.
“Nessa época a cidade não tinha nada. Não dava para se
manter. A situação pirou com a catástrofe. As pessoas desistiram de tudo. Meu
escritório ficou inundado. Demorou tempo para a cidade começar a prosperar. Era
comum cair barreira na Serra do Mar. Uma vez larguei o carro no meio da lama e desci
a Serra caminhando”, revela Di Giaimo.
O comerciante deu a volta por cima. A cidade precisava se
reconstruir e foi o que ele ajudou a fazer por meio da administração, vendas e
aluguéis de imóveis. “Aos poucos a cidade foi se reerguendo. A maior mudança
veio com averba da indenização da Serra que foi usada para modernizar a
cidade”.
Di Giaimo
relembra um fatos que demonstra o quanto à cidade evoluiu. “Certa vez, atolei o
carro numa rua do bairro da Martim de Sá. Foi necessário chamar um trator para
tirar o carro de lá, pois as ruas eram de terra, duas mãos, sem guia. Hoje não
precisa encostar o carro para o outro passar”, relata.
Para Di
Giaimo, hoje Caraguá é tida como cidade de futuro brilhante. “Muitos estão
deixando a cidade grande para morar neste paraíso. Apesar de sermos uma cidade pequena, temos todos
recursos e estrutura de cidade grande”, conclui.
Di Giaimo é
um vencedor! Superou todas as fases difíceis, comprou casa e escritório e diz
que a sua família é a maior conquista. “O maior apoio sempre veio da esposa e
dos filhos. Valeu a persistência e organização”, completa.
Joaquim Fernandes Neto
Foi cobrador de ônibus, funcionário
do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e, em 1974 abriu a Loja Hidráulica
Caiçara no Poiares. Nasceu na vizinha Natividade da Serra onde seu pai foi
funcionário público. Veio para cá, com a família, em 1949.
Joaquim lembra a época da Catástrofe que arrasou a cidade.
De seus cinco filhos, um deles nasceu dois meses antes da tragédia, em janeiro
de 1967. Os outros quatro filhos nasceram na Casa de Saúde Stella Maris,
instituição muito importante, segundo ele, por ter acolhido os moradores e
continuar prestando serviços de saúde na cidade.
“Caraguá vive
um avanço do qual nem eu, nem as pessoas da época, poderiam imaginar. A cidade
caminha com as próprias pernas”, afirma e ainda opina que a cidade nem precisa
criar ou fazer grandes eventos para os turistas virem para cá. “Nosso principal
atrativo é o sol. Ele é nossa ‘indústria’”.
Atualmente Joaquim está aposentado e dois de seus filhos e
um neto cuidam da administração da loja. “Muitas pessoas fizeram Caraguá se
desenvolver. O construtor Alcides Galvão, por exemplo, fez vários prédios e
ajudou a dar uma nova cara para a cidade”, completa.
Joaquim
também menciona as benfeitorias realizadas pela Prefeitura e pela Associação
Comercial, que melhoraram a vida dos comerciantes e moradores. “As
oportunidades chegaram aqui em Caraguá. Ninguém pode reclamar. Se trabalhar com
determinação, é sucesso certo”, opina e conclui. “Sempre acreditei na ACE,
tanto é que sou um dos primeiros associados. Valeu a pena permanecer na cidade
e com meu comércio, mesmo enfrentando tantas situações difíceis, conseguimos
permanecer firmes”.
Bruna Vieira Guimarães / gentecom.com.br
Caraguablog/JFPr
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