Mara Cirino/IL
O imbróglio entre a Casa de Saúde Stela Maris e a Secretaria
de Saúde de Caraguatatuba já apresenta seus reflexos no hospital. Ontem, o
diretor técnico do hospital, Hélio Batista de Souza, divulgou que as cirurgias
no setor de ortopedia serão suspensas por falta de material. Segundo ele, já
estão em falta algumas próteses e outros produtos usados para corrigir uma
fratura e mesmo cirurgias eletivas.
Essa problemática foi apresentada aos vereadores do
município que participaram na tarde de ontem de uma reunião com o corpo técnico
do hospital que foi explicar como anda o atendimento após o fechamento do
Pronto-Socorro, abertura da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e as constantes
reclamações dos usuários.
“Essa é uma tragédia anunciada. Não temos condições de
colocar um paciente no centro cirúrgico para ser operado se não temos o kit
completo de atendimento”, referendou o ortopedista Ibrahim Bittar, vice-diretor
clínico do Stella Maris. Segundo ele, o especialista precisa ter à sua
disposição o material que vai usar e ele é que sabe qual é o ideal para o tipo
de cirurgia do paciente. “Não adianta colocar uma prótese que não seja
compatível com aquilo que ele está vendo. Estamos chegando em uma encruzilhada.
Não podemos operar por via espiritual”.
Esse foi apenas um dos pontos debatidos por mais de duas horas com os vereadores que quiseram saber qual é a atual situação do hospital, qual o motivo da dificuldade de atendimento aos paciente que são
encaminhados
pela UPA, quais as especialidades existentes. Presentes na Câmara os
parlamentares Wenceslau de Souza Neto, o Lelau (PT), que convocou a reunião,
Celso Pereira, o Celsinho (DEM), Cristian Alves de Godói, o Baduca Filho (PDT),
Elizeu Onofre da Silva, o Ceará (PR), Francisco Carlos Marcelino, o Carlinhos da
Farmácia (PPS), Vilma Teixeira de Oliveira Santos (PSDB), Júlio Cezar Alves
(PSB), Oswaldo Pimenta de Mello Neto, o China (PSB), Petronilio Castilho dos
Santos, o Loro (PR) e Renato Leite Carrijo de Aguilar, o Tato (PSD).
Também foi debatido o impasse existente entre a
administração pública e a direção da irmandade responsável pela gestão do
hospital que culmina no atendimento ao usuário do sistema de saúde.
Diante das reclamações de omissão de socorro, o diretor
Hélio de Souza negou que isso esteja ocorrendo, mas que devido ao corte nos
repasses não pode manter especialistas sem pagá-lo.
Ele destacou, ainda, que o corpo clínico da UPA é integral,
entretanto, a estrutura física no prédio não comporta cirurgias de média e alta
complexidade.
“Sugerimos à Secretaria de Saúde que, nesses casos, os
médicos coloquem os pacientes na ambulância e venham fazer a cirurgia no
hospital porque lá eles ficam ociosos e nós não estamos tendo mais pernas para
manter o médico aqui ou ele operar e não receber”.
Ele apontou ainda que pediu um aporte inicial de R$ 682 mil
para a Saúde com o objetivo de manter especialistas como cardiologista,
neurologista, anesteologista, cirurgião geral, ortopedista, urologista,
oftalmologista, otorrinolaringologista, psiquiatra e buxo-maxilar, mais o
custeio do hospital. “Mas a secretaria não aceitou e pediu que retirássemos
algumas especialidades, no caso, oftalmologista, otorrinolaringologista e
psiquiatra, e o valor baixou para R$ 525. Só que até agora, nada”.
Falta de diálogo
“Quem está sofrendo com essa briga de vaidades é a população
que não tem nenhuma parcela de culpa”, disparou Celsinho. Ele destacou ainda
que “essas discussões não vão andar enquanto o prefeito (Antonio Carlos da
Silva) e as irmãs (administradoras do hospital) não abrirem o coração”.
Essa também é a opinião do parlamentar Carlinhos da
Farmácia. “É preciso conversar porque quem leva a bordoada é povo que não tem
nada a ver com essa briga”.
Líder o prefeito na Câmara, a vereadora Vilma Teixeira expôs
todo o caminho que se seguiu ao fechamento do PS e abertura da UPA, as
dificuldades para que as irmãs aceitassem a municipalização do Pronto-Socorro,
bem como os impasses nas conversas. “Esgotou-se o diálogo entre as partes e
quem está perdendo é a população”.
Conforme o gerente de relações institucionais da Irmandade,
Amauri Barboza Toledo, todo o processo caminhava para a municipalização do PS,
até com liberação de verba do Estado para melhorias nas instalações. “Até que o
prefeito veio com a ideia de que colocaria uma empresa para administrar o
Pronto-Socorro. Mas ele colocar uma empresa quando há outra particular já
gerenciando, seria o mesmo que atestarmos estado de incompetência” explicou aos
vereadores.
Para ele, “se a Irmandade administrava como o recurso repassado,
que era baixo, porque ao invés de tentar fazer da UPA um PS ao custo de R$ 1,3
milhão, não aumentou esse repassado para a Casa de Saúde?”, questionou o
gestor.
Diante do exposto, após a reunião, os vereadores presentes
se reuniram para fazer uma análise de forma que a vereadora Vilma possa levar o
resultado ao prefeito visando acabar com o impasse e melhorar o atendimento na
saúde. “Acho que a reunião foi mais produtiva do que esperávamos e essa é uma
forma de contribuição da Câmara para esse problema que assola a população”,
disse Lelau.
Fonte: Imprensa
Livre/ Mara Cirino
Caraguablog/JFPr
0 comentários:
Postar um comentário