Cerca de 60 empresários ubatubenses revelaram que a vinda de
cruzeiros durante a temporada não se traduz necessariamente em lucro ao
comércio local.
Caraguablog/JFPr
“No meu caso, a chegada dos navios não altera em
absolutamente nada. Acho que até hoje só tive dois ou três clientes de navio e
assim mesmo para um cafezinho”, diz a comerciante Ana Paola. Porém, a queixa de
Paola não é pontual. “Os maiores impactos financeiros são de coleta de lixo,
pois só sujeira eles trazem”, dispara o empresário Felipe Quinoneiro.
O empresário Elton Herrerias Junior considera que para o
negócio (Estância Balneária Ubatuba) os impactos são mais visuais do que
financeiros. “Falta planejamento de rotas, exploração maior do comércio local,
e recrutamento de capital humano para que seja coerente todo esse processo de
evolução turística local”.
Rosely Villa, empresária de uma pousada, afirma que o
impacto financeiro tem sido zero. “Pouquíssimos passageiros que passam a pé em
frente à pousada em direção ao Projeto Tamar param para pedir um cartão. A
estatística é realmente zero. Em três anos chegamos a hospedar uma pessoa
representante da MSC durante um fim de semana”, conta.
O comerciante Jefferson de Oliveira acredita que o fluxo dos turistas do navio
fica concentrado na área do Itaguá, por falta de estrutura melhor de Turismo
Cultural e atividades fora daquela área. “Desde que os cruzeiros começaram
aportar por aqui, apenas uma família comprou em meu estabelecimento”.
A empresária Maria Luiza também segue as mesmas
considerações dos colegas comerciantes. “Minha loja fica no bairro do Pereque
-Açu e se trata de roupas masculinas e femininas. Não vejo retorno no meu
negócio. Chega navio e sai navio e nada muda no meu negócio. Infelizmente”.
As críticas não são apenas dos comércios fora da zona do
embarque, mas também as mais próximas que reclamam da falta de uma estrutura
melhor. O comerciante Gabriel Antoniali conta que em seu restaurante, na orla
do Itaguá, o impacto dos turistas oriundos dos navios que aportam no pier é
praticamente nulo. “Ou seja, o movimento não se altera em quase nada quando os
navios estão aportados”.
Sueli Mira ressalta que os turistas dos cruzeiros, hoje em
dia, são pessoas de poder aquisitivo bem menor do que eram antigamente. “As
facilidades na aquisição de passeios são infindáveis. Todos têm direitos, mas
não creio que este tipo de turista faça alguma diferença pro comercio local”.
Contrários
Contudo, a pesquisa também aponta parcela do empresariado
ubatubense em favor dos cruzeiros. O empresário Giovanni, da Pousada Recanto do
Teimoso, não vê prejuízos com a temporada de navios. “Para nós não estamos
sendo favorecidos ou prejudicados, talvez seja bom para a cidade pela
divulgação, mas no aspecto financeiro em curto prazo não sentimos nenhuma
diferença”.
Silvio Bonfiglioli, do Bar e Restaurante Casal 20, acredita
que qualquer iniciativa que traga turistas para a cidade, de alguma forma traz
retorno para o comércio. “Os recursos financeiros que são injetados no comercio
direto acaba sendo utilizado no comercio indireto. O dinheiro gira!”.
“Diretamente no meu negócio não tem ligação direta, mas mais
nossa cidades nesses dias e não importa quantos comerciantes se beneficiarão, a
cidade está sendo divulgada’, considera Silvia Ruschel.
Leandro Pimentel Alvarenga destaca que ainda não é momento
de desistir dos cruzeiros, e sim de projetá-lo da melhor forma para atender o
comércio local. “Fica aqui uma observação, os quiosques do Itaguá estão sem
banheiro para atender os potenciais clientes dos navios. É um absurdo, uma vez
que esse é um dos primeiros lugares onde o turista do navio se encosta para
pedir informação e até mesmo para ir ao banheiro e não sendo possível atende-lo
da melhor forma. Qual a imagem que esse turista leve de Ubatuba?”.
Denis, da Avant Center Contabil Ltda, acha válido os
cruzeiros pelo status que a cidade tem em recebê-los. “Sabemos que vários
turistas vêm a uma determinada cidade também pelo status. Também acabam
deixando dinheiro no comércio, tanto no ramo gastronômico como também no comércio,
artesanatos, etc. Vejo que temos que apenas melhorar a nossa recepção turística
dando condições, tais como saneamento, estrutura com um pier decente. Fazer
parcerias com as Marinas nas redondezas, pois, colocar banheiro químico para
recebê-los como a prefeitura fez é complicadíssimo e muito feio”.
Já o empresário Jean Pierre Progin diz que diretamente
nenhum impacto positivo e indiretamente ainda causam reflexo negativo, uma vez
que são milhares de turistas que poderiam vir se hospedar em Ubatuba e não vem.
“Pois optam por um cruzeiro marítimo para gozar suas férias e lazer e gastar
seus recursos financeiros em outros lugares. Quanto à pseudo divulgação do nome
da cidade como destino turístico, isso tem pouco peso neste caso, pois a
estadia de um dia ou de algumas horas, de um turista que mal gasta para fazer uma refeição aqui, pois já tem
isso pago no navio, e também não tem como fazer um tour pelas praias pela
escassez de tempo, então vem e mal conhece um “porto” chamado Ubatuba”.
Associação Comercial de Ubatuba
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