Imóvel
encontra-se em área de preservação
Amigos e fãs do estilista, apresentador e deputado federal,
Clodovil Hernandes, falecido em 2009, estão engajados em uma campanha pela não
demolição da mansão que ele possuía em Ubatuba, litoral norte de São Paulo. O
casarão pode ir abaixo a qualquer momento por ordem da prefeitura, intimada há
meses pela Justiça. O motivo é que parte imóvel encontra-se em área de
preservação. Mas, para o grupo que se opõem à decisão, a casa deve ser tombada
como patrimônio histórico, artístico e cultural.
Antes cenário de festas, a casa do estilista está hoje no
centro de controvérsias aparentemente sem fim. “O que ocorre é que Clodovil não
tem herdeiros, portanto também não tem defensores”, explica o fã, amigo e
ex-assessor João Toledo. Para acentuar o imbróglio, a advogada inventariante,
Maria Hebe Queiroz, afirma que “não há dinheiro para preservar, nem para
demolir”. Segundo a advogada, a demolição justamente por ser em área de preservação
fica mais cara do que o valor do imóvel e do terreno juntos.
De um lado ou de outro da confusão, o que não falta é gente
de olho na mansão. Não é pra menos. Estima-se que sejam 20 mil metros quadrados
de área construída, avaliados em R$ 4 milhões. São mais de 30 cômodos
independentes, separados por jardins. Tudo instalado em meio à natureza. Em uma
das muitas áreas ao ar livre, havia até um vaso sanitário com vista para o mar,
que foi arrematado por R$ 30 num bazar que vendeu todos os objetos e mobílias
da casa.
“Essa questão ambiental é balela”, afirma o empresário
Mauricio Abraão, um dos proprietários da Pousada Cavalo Marinho, que acaba de
inaugurar um espaço com objetos pessoais do estilista. Ele considera a
demolição improvável e injustificável. “Metade das residências de alto padrão
da cidade está nas costeiras, em área irregular. Teriam que ser também
demolidas”, diz. Por isso, talvez, correm pelas ruas da cidade litorânea boatos
de que por trás da possível demolição existem outras motivações, não tão
ecológicas.
Entre elas, possíveis desafetos – e, no caso de Clodovil,
não eram poucos.
Abraão aguarda a decisão final da Justiça, para tentar a
compra do imóvel. “Preciso antes de uma garantia de que não estou comprando
entulho”, ressalta o empresário. Outro grupo defende a transformação do espaço
em uma fundação de apoio a meninas carentes, desejo que Clodovil deixou
sacramentado em seu testamento, mas que não pode ser executado, segundo
advogados que acompanham o caso, por simples falta de recursos.
Além da casa e de um acervo enorme de roupas e objetos de
todos os tipos, Clodovil deixou também uma porção de dívidas. “Financeiramente,
Clô teve muitos altos e baixos, mas vivia como se estivesse sempre no alto”,
explica Toledo. Talvez por isso, e já antevendo as tempestades que não
tardariam a chegar, o estilista nos últimos anos já não fazia tanta festa. O
agito na mansão escasseou durante os últimos anos de vida.
Toledo discorda. Ele acredita que os problemas começaram com
a entrada na política. Depois que Clodovil se elegeu deputado federal, o
assédio aumentou. “Ele ficou recluso, pouquíssimas pessoas eram admitidas na
casa”. Ele prossegue. “A quantidade de gente pedindo coisas era uma loucura,
Clô era muito conhecido, nem precisava de credencial para entrar em locais
oficiais, o crachá era seu rosto”, diz Toledo, que é também o mentor do espaço
inaugurado em homenagem ao ex-patrão.
A ideia da campanha pela não demolição da casa de Clodovil
também é de Toledo, desta vez com a jornalista Kakau Di Lorenzo, do jornal
"Agito", de Ubatuba. A dupla lançou um abaixo-assinado na internet e
espera reunir um milhão de assinaturas, número necessário para enviar o pedido
ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
“A casa não está totalmente construída em área de
preservação, somente os canis é que estão irregulares”, justifica Toledo.
CARLOS MINUANO/UOL
1 comentários:
Seria bom que mantivessem a casa como patrimônio Histórico. Que fosse tombada, tornando-a num local de visitação pública, onde se pagaria uma taxa de entrada, que seria utilizada para a conservação e manutenção do imóvel. Digo, pela pessoa pública que ele foi, pela pessoa inteligente, ousada extravagante e ao mesmo tempo sensível, que ele sempre foi. E, agradeço a oportunidade de participação. Eulália Braz
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