O Conselho Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente de São
Sebastião (Condurb), no litoral norte de São Paulo, aprovou a criação da Área
de Proteção Ambiental (APA) Baleia-Sahy. Ambientalistas acreditam que a medida
resultará no uso sustentável da área, com atividades voltadas ao ecoturismo, à
extração de materiais para artesanato com plano de manejo sustentável e
controle de poluição, além de uma fiscalização mais efetiva para proteger a
fauna e a flora.
Proteção município aposta no potencial turístico da área Foto - Leandro Saad-AE |
A criação da APA depende da aprovação da Câmara Municipal,
que deve votar a matéria ainda neste ano.
Cercada pelo Parque Estadual da Serra do Mar, entre as
Praias da Baleia e Barra do Sahy, no litoral norte de São Paulo, a região é uma
das mais valorizadas do Estado e vem sendo degradada pela construção de casas e
condomínios de luxo, muitos embargados judicialmente porque foram erguidos em
Áreas de Preservação Permanente (APPs).
"O local é único. Tem importância ambiental relevante e
precisa ser protegido imediatamente. Pudemos constatar que há muitas ameaças
naquele bioma, principalmente por haver armadilhas de caçadores em trilhas
abertas e pela intensa pressão imobiliária", avalia o secretário municipal
do Meio Ambiente, Eduardo do Rego. Ele lembra que há também loteadores
clandestinos, pessoas "que abrem ruas e constroem barracos, comprometendo
até questões de saneamento ambiental".
Rego afirma que após a criação da APA Baleia/Sahy haverá
condições de empossar gestores, apresentar um plano de manejo, iniciar um
mapeamento dos recursos naturais e dos pontos de visitação e elaborar um
zoneamento. Segundo ele, no local será possível "conciliar tudo com a
inserção de artesanato de caixeta e taboa e o ecoturismo".
Para Fernanda Carbonelli, da ONG Movimento Preserve o
Litoral Norte, que encomendou um estudo para embasar o projeto, "o
desenvolvimento sustentável vai propiciar uma segunda fonte de renda às
comunidades tradicionais e aos pescadores que ali vivem, além de possibilitar a
visitação do mangue como um berçário para aulas socioambientais".
Estudo. Segundo o engenheiro agrônomo André Waetge, que
elaborou o estudo da ONG, não existem áreas protegidas formadas por manguezais,
brejo de restinga ou floresta paludosa em São Sebastião. "Com a criação da
APA, estaremos assegurando que essas formações florestais continuem exercendo
suas funções ambientais para o equilíbrio da fauna aquática e,
consequentemente, para a manutenção da pesca litorânea e oceânica", frisa.
Ele explica que, como a maior parte da área delimitada para
criação da unidade de conservação está às margens do Rio Preto e em suas áreas
de alagamentos sazonais, há a possibilidade de formação de um corredor
ecológico, unindo toda s planície inundada situada na zona de influência das
marés. Segundo Waetge, nenhum dos parques locais possui a capacidade de unir
fragmentos florestais tão diversificados. Ele também diz que a APA preservará
12 espécies de mamíferos e 84 de aves, das quais 14 somente existem na Mata
Atlântica.
REGINALDO PUPO, ESPECIAL PARA - O
Estado de S.Paulo/ SÃO SEBASTIÃO
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