PROIBIR FUMAR EM ÁREA ABERTA?
O deputado estadual Vinicius
Camarinha apresentou projeto na Assembléia propondo ampliar a restrição ao
fumante. Quer que a proibição de fumar também se estenda aos lugares abertos,
como praias, parques, praças e outros lugares ao ar livre.
O projeto está nas Comissões
Permanentes da Assembléia Legislativa e deverá estar pronto para ser votado no
segundo semestre. Portanto, pode virar lei ainda este ano, pois, segundo o
deputado, o seu partido integra a base governista e comanda a pasta de Turismo
e Eventos. Não dá para entender o que "turismo" e "eventos"
têm a ver com o ato de fumar, um hábito por tanto tempo incentivado pelo
próprio governo, através de mirabolantes comerciais de TV, com arrecadação de
uma fábula em impostos.
O fumante hoje é vítima do desgoverno
e de uma campanha publicitária maléfica do passado, eivada de mensagens
subliminares, que enfiava o cigarro goela abaixo do telespectador. Uma campanha
massificante, que endeusava o cigarro, sempre ligado a luxo, riqueza, a
carrões, esportes, mulheres bonitas, como os do Hollywood, e machões-vaqueiros,
bem no horário nobre da TV. Lembram-se do "venha para o mundo de
Marlboro"?
Se projeto de lei devesse
existir, seria para indenizar o fumante pelos anos em que ele se utilizou do
cigarro pela displicência governamental, destruindo a própria saúde e
abreviando sua existência. Ele não nasceu fumando: foi induzido a fumar pela
omissão de deputados e senadores. Não pode ser considerado agora um monstro
social, tendo de buscar as entranhas da terra para saciar um vício que lhe foi
imposto pela própria sociedade. "Quem pariu Mateus que o embale", é
um antigo ditado que vem a calhar. Se a sociedade consumista produziu o vício
de fumar, que conviva com ele com um mínimo de tolerância até que novas
campanhas surtam seu efeito e num belo dia não tenhamos mais fumantes.
Agir diferente disso, com a
intolerância demonstrada pelo "excelentíssimo" andarilho de carro
oficial, é no mínimo ser muito hipócrita.
Certamente muitos indivíduos vão
cumprimentar o nobre deputado, achando louvável a iniciativa, esquecendo-se da
origem do fumante. Neste caso, para demonstrar coerência, o nobre deputado
deveria também proibir os veículos de circular porque igualmente eles poluem o
ar que respiramos, soltam fumaça carregada de chumbo, um metal cancerígeno,
principalmente ônibus e caminhões. Deveria também apresentar um projeto para
que a própria Assembléia Legislativa, dando exemplo de respeito ao nariz
popular e à pureza do ar que enche os nossos pulmões, eliminasse toda a sua frota
de centenas de veículos oficiais, que circulam como zumbis por todo o Estado de
São Paulo, não se sabendo exatamente fazendo o quê, emitindo gases nocivos ao
ambiente, às carradas.
Afinal, deputados foram eleitos e
são pagos regiamente para legislar em Plenário, nas Comissões, estudar as
propostas em seus gabinetes. Não para ficar andando de carro todo dia ou o dia
todo, daqui pra ali, pelo Estado, segundo eles, "para se encontrar com as
bases". Encontrar com eleitores é fazer política com dinheiro público, já
que o objetivo é garantir a vitória nas próximas eleições. Desrespeitam o bolso
e o nariz do contribuinte de uma cajadada só. Demonstram incoerência entre o
"falar" e o "agir".
Ao menos, distinto deputado,
contribua com o ar puro que o senhor parece querer defender tanto. Seja, no
mínimo, coerente: mate a cobra, mas mostre o pau...
O Blog de Caraguá - k
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