Aterro de resíduos solido - Sta. Catarina |
A Gerência Setorial do Meio Ambiente, da Petrobrás, com sede em Santos, esta interessada em parceria com as quatro prefeituras do Litoral Norte para resolver o problema da disposição de resíduos sólidos. O gerente da divisão, Marcos Vinicius Mello, confirmou à Assessoria de Imprensa que vem mantendo conversações com cada prefeito em separado e agora aguarda uma reunião conjunta para discutirem o tema.
A discussão de um aterro regional único para atender as quatro cidades não é nova, mas a entrada da Petrobrás na discussão é novidade. Marcos Vinicius não comentou o projeto já em fase de licitação para uma usina termelétrica a base de queima de lixo em São Sebastião. Mas, segundo ele a Petrobrás está interessada em parcerias.
Há tempo se discute um Centro Regional de Tratamento de Lixo do Litoral Norte. Ele seria instalado na área do Pau d’Alho, em Caraguatatuba. ”Defende-se a gestão privada para o aterro regional, que agilizaria processos de administração.“
Caraguablog/JFPr
EXEMPLO INTERNACIONAL:
Quem poderia imaginar que um aterro sanitário viraria atração turística?
O aterro Pulau Semakau em Cingapura conseguiu essa façanha. Foram 13.000 visitas em 2010 e a lista de espera para quem quiser conhece-lo é de até quatro meses. Cingapura é um micro país densamente povoado que fica em uma ilha do sudoeste asiático.
Aterro Pulau Semakau em Cingapura |
A Alemanha tem atraído prefeitos da região interessados em conhecer como aquele País administra seus resíduos, desde reciclagem de restos de construção civil até podas urbanas.
Os alemães transformam os restos da construção civil em material nobre para uso em drenagem, aterros, rodovias. Quanto a podas, é feito o mesmo processo na Alemanha, onde o produto final é vendido como adubo. Ele conta que a coleta seletiva de lixo na Alemanha é ínfima, porque a população faz a reciclagem. As pessoas são pagas ao devolver um recipiente ao produtor.
Triplica no verão
Último aterro da região, em Ubatuba, foi fechado pela Cetesb em 2008, no Ipiranguinha, pondo fim a um processo que vinha se arrastando desde 2004, quando foi fechado o aterro de Ilhabela.
Assim, de lá até agora, nenhuma das quatro cidades -São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba- tem local para depositar o lixo. Juntas, elas geram mensalmente 5.000 toneladas de resíduos, uma média 166 toneladas/dia. O volume chega a triplicar no verão.
Sem alternativa, hoje as cidades recorreram a aterros sanitários em Tremembé e Santa Isabel, cidade da Grande São Paulo.
O resultado é que o lixo coletado na praia de Boracéia, por exemplo, na divisa entre São Sebastião e Bertioga, passa pelas mãos dos garis, é colocado em um caminhão de 7 t e transportado por cerca de 60 km até o centro da cidade, onde há uma estação de transbordo.
Dessa estação, o lixo é transferido para uma carreta de 30 t, toma a estrada e vai até Tremembé -um percurso total de 210 km, de Boracéia, passando pela estreita Rio-Santos e transpondo a serra do Mar e o Vale do Paraíba.
Em Ilhabela, a logística é ainda mais complicada. O lixo é coletado e colocado em caminhões, que têm de esperar a maré favorável para embarcar na balsa da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.). E rodar alguns kilômetros na temporada pode levar horas.
Em Caraguatatuba, onde o depósito da fazenda Serramar foi fechado em 22 de fevereiro de 2007, a prefeitura gasta R$ 120 por tonelada somente para transportar e depositar os resíduos em Santa Isabel, além dos R$ 80 da coleta.
Secretário é categórico
O secretário de Estado do Meio Ambiente, Xico Graziano, sempre foi categórico em não permitir que sejam criados novos aterros sem todas as licenças ambientais. “Os locais que foram fechados não vão abrir mais. E vamos ser rigorosos com os projetos [de aterros], quaisquer que sejam”, afirma sempre.
Graziano sustenta que o Estado não deve interferir em busca de soluções e que uma alternativa deve ser encontrada pelos próprios prefeitos.
O advogado Eduardo Hypolito do Rego, que integra o Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente), afirma que o colapso é resultado de anos de descaso com a questão.
“Foi uma morte anunciada. Todos sabiam que os antigos depósitos tinham data para acabar”, diz o ambientalista.
Faltam áreas
As prefeituras das quatro cidades já chegaram a discutir a formação de um consórcio para a construção de um aterro sanitário em Caraguatatuba, considerada única cidade com local mais apropriado para isso.
A maior dificuldade decorre da falta de áreas em que possa ser permitida a construção de um aterro para toda a região. Não existe terreno adequado em Ilhabela -que é quase toda tomada pelo parque estadual-, São Sebastião ou Ubatuba, cidades que ficam prensadas entre a serra do Mar e o oceano.
Resta Caraguatatuba, mas a construção da base de gás da Petrobras já tomou boa parte das áreas disponíveis e as que restam têm condições consideradas “complicadas” pelo secretário de Estado do Meio Ambiente, Xico Graziano.
Ou são terrenos de mangue, próximos ao rio Juqueriquerê (um dos principais do litoral norte) ou ficam próximas demais da serra do Mar.
“São áreas muito sensíveis do ponto de vista ambiental. Já lançaram a possibilidade de montar um aterro particular próximo da Tamoios, seria uma das soluções”, afirma.
Discutir logística
O prefeito eleito de Caraguatatuba, Antonio Carlos da Silva (PSDB), diz que aceita construir o aterro na cidade, mas antes é necessário discutir toda a logística, principalmente o horário do transporte. “Muitos caminhões afetariam demais o trânsito, e já temos poucas vias”, diz o tucano.
Segundo Antonio Carlos, existe a possibilidade de a iniciativa privada bancar o investimento e vender os serviços para as prefeituras. “Se tivermos um volume grande de lixo, o negócio se tornará viável.”
Seu colega de Ilhabela, Toninho Colucci (PPS), também defende a proposta de uma busca de solução conjunta. “Não podemos ter o discurso de cidades auto-sustentáveis sem resolver o problema do lixo. E os custos são muito altos.”
O incinerador em discussão
Na opinião do prefeito eleito de São Sebastião, Ernane Primazzi (PSC), que já elaborou um orçamento prévio para instalar na cidade um incinerador que ocuparia uma área de no máximo 10 mil m2, será necessário cortar os custos com o lixo. A cidade gasta hoje por ano R$ 3,7 milhões com a exportação do lixo, sendo R$ 2,5 milhões só com o transbordo.
Segundo Primazzi, o investimento aproximado é de R$ 20 milhões, custo que seria coberto com a economia da suspensão do transporte do lixo até Tremembé.
O prefeito eleito afirma que o projeto ainda pode ser financiado por organismos internacionais, como o Banco Mundial. “Esse sistema ainda gera energia, que pode ser comercializada. Podemos produzir energia para 2.000 casas”, afirma ele.
Para o secretário de Obras de Ubatuba, João Paulo Rolim, o município terá mesmo de depender de outras cidades. “Não temos áreas”.
Informações Folha de São Paulo
Caraguablog/JFPr
0 comentários:
Postar um comentário