O tico-tico da foto foi visto neste sábado (ontem) no alto do morro do Camaroeiro. Naquele ponto antes de descer para a Pedra da Freira e de onde se avista toda a enseada de Caraguá. Dali também se vê o píer de um local privilegiado, sob inúmeras árvores frondosas. De onde também se avista o marzão e a Ilhabela defronte.
O tico-tico abundava na cidade até uns 20 anos atrás. Depois disso, um encontro com um exemplar da ave tem sido cada vez mais raro, dada a expansão acelerada que a cidade vem experimentando nas últimas décadas, eliminando as capoeiras, que são seu local de reprodução. Pode-se dizer que é uma espécie que está desaparecendo.
Ele costuma fazer seu ninho em capinzais, onde põe até cinco ovos de coloração azul e salpicados de pontos marrons-avermelhados. Uma lenda local diz que aquele que quebrar o ovo do tico-tico fica com o rosto todo pintado, igual a sua casca. Claro, uma maneira inteligente de impedir que garotos destruam seus ninhos.
Tico-tico, ave passeriforme da família Emberizidae, é um dos pássaros mais conhecidos e estimados do Brasil. Seu nome vem do tupi e deriva do seu canto. Quando observam a ave de relance, muitos confundem o tico-tico com o pardal. Mas, se prestarem atenção, verão que existem diferenças bem distintas.
O tico-tico, com cerca de 15 centímetros, destaca-se por possuir um topete bem visível, a cabeça cinza e duas tiras negras que vão da base da maxila até a nuca. No pescoço possui uma faixa cintada de cor vermelho-ferrugínea, que desce até os lados do peito, onde há uma mancha negra.
Seu canto também é inconfundível. Parece que ele pronuncia a frase: “estou com frio, tio, tio”. O povo de Minas Gerais acredita que quando o tico-tico canta na manhã ele está dizendo: “Bom dia, seu Chico”. Alimenta-se de sementes, brotos, frutas, insetos (besouros, formigas, grilos, cupins alados).
O tico-tico ocorre em todas as regiões do Brasil e reproduz-se na primavera e verão. A fêmea bota de dois a cinco ovinhos, que eclodem dentro de 13 ou 14 dias. Os filhotes deixam o ninho entre 16 e 22 dias de vida para acompanhar os pais, que ainda os alimentam por vários dias.
No momento em que fazíamos a foto, apareceu também para abrilhantar o encontro o tié-sangue que é visto aqui. Uma ave belíssima, de um vermelho vivo, bastante comum em Caraguá. Descendo um pouco o morrote que dá acesso à Pedra da Feira, já retornando, encontramos o casal de corujas que aqui também é visto.
Isto demonstra que, querendo, ainda dá para apreciar a Natureza em nossa cidade. Basta andar um pouco e prestar atenção aos detalhes. Um pequeno passeio a pé até a Pedra da Freira rendeu esses maravilhosos encontros.
Nem é preciso dizer que é imperativo preservar o resto de mata que ainda possuímos, como meio de oferecer aos nossos descendentes oportunidades como estas aqui relatadas. Um encontro encantador.
Neste aspecto, muito oportuna a ação da prefeitura municipal de colocar obstáculos no caminho da Praia Brava para impedir o acesso de veículos.
Quem quiser apreciar as belezas do local, aliás a última praia ainda intocada de nossa cidade, que o faça a pé.
Afinal, caminhar faz bem à saúde.
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