quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Bom senso é tudo

São Sebastião vai discutir um projeto de alteração da sua Lei Orgânica para que o número de vereadores da cidade aumente de 10 para 11.

Pela legislação, esse número poderia chegar a 15. Mas o bom senso prevaleceu e o projeto apresentado pelo vereador Paulo Henrique prevê esse aumento moderado. Só falta agora o aprovo de seus nobres pares, em dois momentos de discussão e votação, para que vire realidade.

A Câmara, sob a batuta do presidente Arthur Balut, não decidiu sozinha esta importante questão. Preferiu ouvir os eleitores. Assim é que algumas consultas públicas foram feitas, com os vereadores se deslocando pessoalmente às três principais regiões do município – sul, centro e norte – para ouvir o eleitor.

A questão não era financeira, como acontece com os demais municípios do Litoral Norte, mas puramente política e de acautelamento com relação ao aumento dos gastos públicos. Isso demonstra grande amadurecimento político de nossos vereadores.

O bom senso a que nos referimos não está simplesmente em fixar um número qualquer de cadeiras, aleatoriamente. O bom senso também não está em interpretar o que foi dito durante as audiências públicas.

O bom senso está, e parece que souberam inteligentemente atinar para isso, em interpretar “o que não foi dito” nessas mesmas audiências com a população.

É evidente que os interessados em política têm maior capacidade de mobilização do que as pessoas comuns, assoberbadas em seus afazes e por vezes distantes das discussões políticas de sua cidade. Muitas até não entendem direito o que se passa na urbe e utiliza o seu voto somente porque ele é obrigatório.

A essas pessoas, a quem faltam educação, lazer, médicos, remédios, condições dignas de moradia, e até o alimento, soa como impróprio falar-se em aumento da despesa pública quando existe a opção de não aumentá-la. Elas não foram às audiências, mas, a toda certeza, sabem o que desejam: dignidade. E dignidade só é conseguida com verbas públicas nas atuais circunstâncias políticas por que passa o Brasil, infelizmente.

Assim, aumentar o número de vereadores –e portanto, a despesa– seria uma atitude de incoerência. Antes, usassem essa disponibilidade de caixa, obtida com o suor do contribuinte, para dar ao povo o que ele necessita. Saúde e educação, no mínimo.

As pessoas que compareceram às audiências, em especial na região norte, optaram pelo número máximo de cadeiras, ou seja, 15 vereadores. Mas ali estavam, em maciça maioria, candidatos a vereador e amigos de candidatos com pretensões de se tornarem assessores ao depois e assim receber a paga pela sua atuação “desde já”.

Em outras palavras: pessoas interessadas por conveniência própria em que o número de vereadores fosse o máximo possível, assegurando assim condições mais favoráveis de sucesso nas urnas para um maior número de pretendentes e uma sucessão infindável de nomeações para cargos políticos.

O povão mesmo, o contribuinte, aquele que daria sua opinião verdadeira, sem qualquer interesse menor, não falou. Mas a falta de verbalização da palavra não quer dizer que não tenha se comunicado. Claro que os ouvintes nesses casos precisavam estar bem atentos. E, felizmente, estavam.

O povo não disse, mas sua voz foi ouvida. E a decisão, mais acertada ainda. Eis o motivo porque o projeto foi apresentado com a fixação de onze cadeiras. O número que o povo quer, não o número que políticos, candidatos e pretensos assessores desejariam. Eis aí o bom senso.

Grande exemplo de sabedoria dá a Câmara Municipal de Vereadores de São Sebastião. Redime-se de eventuais equívocos do passado e passa a merecer a confiança de praticamente a totalidade da população, pois falou a sua língua. Soube ouvir a sua voz.

E a voz do povo, todos já sabem...

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