Outro dia, na clínica Santa Marta, em Caraguatatuba, enquanto aguardava ser chamado para me avistar com o médico, comecei a folhear uma das revistas postas à disposição dos clientes. Não era dessas colocadas só para matar o tempo, que encontramos em salas de espera de dentistas e nos salões de barbeiros e cabeleireiras. Era uma revista científica, trazendo matérias interessantíssimas.
Como não ia dar tempo para “bizoiar” os textos todos, saquei da máquina fotográfica que trazia comigo e fiz uns cliques. Só não posso indicar a fonte, pois não houve tempo para obter todas as informações, pois fui chamado em seguida. Mas, com certeza, a clínica ainda possui a revista, que pode ser consultada.
Abaixo, um dos textos clicados. O assunto é bem atual e pode tirar o peso da consciência de muita gente, principalmente pais que se sentem “culpados” por terem filhos gays, achando que esse comportamento deles foi adquirido pela forma equivocada de criação. Não, o texto científico não sugere isso. Tranqüilizem-se, pois.
Será que alguém já nasce gay?
Muitos gays e lésbicas contam que descobriram sua preferência pelo mesmo sexo ainda na infância. As pesquisas estão mostrando que isso provavelmente é verdade, à medida que se acumulam as evidências de que a orientação sexual não é nem uma escolha nem uma tendência determinada pelo tipo de criação recebida. É algo que já nasce com a pessoa.
Em um estudo recente, exames mostraram que o cérebro dos homens gays é semelhante ao das mulheres heterossexuais, enquanto o das lésbicas se parece com o dos heterossexuais masculinos. As características cerebrais investigadas desenvolvem-se no útero ou na primeira infância, o que significa que a influência de fatores psicológicos ou ambientais é mínima ou inexistente, afirmam os pesquisadores do Instituto do Cérebro de Estocolmo, na Suécia.
Os pesquisadores usaram imagens de ressonância magnética para observar o cérebro de 90 voluntários: 25 homossexuais e 20 heterossexuais de cada sexo. Descobriu-se que os homens heterossexuais e as lésbicas apresentavam cérebro assimétrico; isto é, o hemisfério cerebral direito era maior do que o esquerdo. Já o cérebro das mulheres heterossexuais e dos homens gays era simétrico.
Em seguida, a equipe usou a tomografia por emissão de pósitrons para medir o fluxo de sangue em direção à amígdala, a sede das emoções, do medo e da agressividade. Para minimizar influência externas e culturais, os cérebros foram examinados em repouso e não foram exibidas fotografias aos participantes nem foi introduzido nenhum comportamento que pudesse haver sido aprendido.
Nesse exame, observou-se que, nos gays e nas heterossexuais, o sangue fluía para áreas envolvidas com o medo e a ansiedade – mas nos heterossexuais e nas lésbicas o fluxo tendia a se dirigir a regiões associadas à agressividade.
A orientação sexual é genética? A questão permanece em aberto. E se os genes estiverem mesmo envolvidos, será que eles produzem dois tipos distintos de orientação – hétero e homossexual, da forma como acredita a maioria das pessoas? E onde se encaixa a bissexualidade?
Embora nenhuma pesquisa seja totalmente conclusiva, estudos de gêmeos criados juntos, gêmeos criados separados e árvores genealógicas indicam –pelo menos para os homens– que, quanto maior o número de genes em comum com um parente gay, maior a chance de você ser homossexual também.
Mas nenhum progresso da ciência vai resolver as questões morais e filosóficas em torno da orientação sexual, afirmam os estudiosos da sexualidade humana. É enorme a pressão exercida sobre nós, desde muito cedo, para que sejamos heterossexuais.
Além disso, existem grupos religiosos que afirmam que os gays podem mudar de orientação se estiverem determinados a isso. Embora isso seja verdade para alguns, os especialistas dizem que a maioria deles não pode fazer essa mudança e, ainda que pudesse, não se sentiria bem com isso.
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