“Tomei
coragem e resolvi ser Galileu”, diz Denise Fraga, que dá vida ao grande
cientista italiano redesenhado por Bertolt Brecht
O Teatro Mario Covas apresenta neste sábado (16/4), às
21h, e domingo (17/4), às 19h, o espetáculo “Galileu Galilei”, uma adaptação da
obra “A Vida de Galilei”, do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898 – 1956).
Dirigida por Cibele Forjaz, a peça, eleita “Melhor Comédia 2015” pelo Prêmio
Arte Qualidade de Teatro, vista por mais de 45 mil pessoas, traz a atriz Denise
Fraga como Galileu – cientista italiano, que no século XVII defendeu o
heliocentrismo e teve de abjurar para não ser queimado pela Inquisição.
“Cada vez que eu lia o texto, um frisson invadia meu
peito. A necessidade de me apoderar das palavras de um autor e dar
comunicabilidade ao que parece encarcerado no papel é o que me move, me
empurra pro palco. Tomei coragem e resolvi ser Galileu”, diz Denise, que dá
vida ao grande cientista redesenhado por Brecht, que se apropria desta
situação histórica e, com afiado humor e ironia, abre ramos da riqueza desse
conflito para além do acontecimento.
Na Itália do século XVII, Galileu consegue construir um
telescópio melhor que os existentes e explorar os céus como nunca antes haviam
conseguido. Com os satélites de Júpiter, ele finalmente comprovaria a doutrina
de Copérnico de que o Sol é o centro do Universo e de que a Terra se move e
gira em torno dele. Galileu passa a defender e a propagar esta ideia, apesar de
saber que ela era contrária ao dogma da Igreja. Entretanto, este cientista
genial, movido por uma nova verdade, vê os senhores do poder estabelecido se
negarem à obviedade dos fatos.
Em 1609, em pleno movimento da Contra Reforma, a ideia da
Terra não ser o centro do Universo ameaçava convenientes estruturas de poder.
Foi perseguido pela Santa Inquisição, processado e ameaçado de tortura, foi obrigado
a negar suas ideias publicamente. Somente em 1992, mais de três séculos após a
sua morte, a Igreja reviu o processo da Inquisição e decidiu pela sua
absolvição.
Mas não é só da biografia de Galileu que Brecht se refere.
“Privilegiando a vida à história, o homem ao herói, seu Galileu Galilei nos
faz acreditar que a história do mundo foi construída por homens que tinham
suas fraquezas e suas dúvidas misturadas a seus atos de coragem e clareza.
Homens que acordam, tomam seu café e, mobilizados por suas ideias e projetos,
muitas vezes, se enredam em terríveis jogos de poder” – completa Denise. Brecht
coloca em xeque o herói, seu significado social, a discutível necessidade de
sua existência numa sociedade que compromete sua liberdade em seus inevitáveis
jogos de poder.
O espetáculo desvenda o fazer teatral diante do público,
com atores que manipulam o cenário e fazem a contrarregragem totalmente
disponíveis artisticamente para contar a história que Brecht reinventou,
trazendo à cena uma profusão de formas, conceitos, parodias grotescas, cenas
pungentes, emoção e muito riso, um estranhamento carnavalizado com a intenção
de, talvez, criar um espetáculo genuinamente épico brasileiro.
A trilha sonora de Lincoln Antônio e Théo Werneck cria
novas canções, ambientes sonoros e reinventa músicas originais de Hanns Eisler
para a obra. Márcio Medina cria um interessante espaço cenográfico valorizando
as inúmeras analogias ao movimento circular sugerido pelo texto. Os figurinos
de Marina Reis passam pela Renascença chegando até o futuro próximo, ora
identificando épocas, ora sugerindo a atemporalidade das questões e,
finalmente, a luz de Wagner Antônio contribui para criação de climas e
espacialização, valorizando a ótica e a luz tão estudadas por Galileu.
“O que eu espero é divertir as pessoas com um espetáculo
festivo e fazê-las sair do teatro pensando em qual será a nossa alternativa
para escapar desta areia movediça. Reiterar a fé na ideia de que o conhecimento
e a razão humana ainda são os melhores instrumentos de luta contra a repressão,
a injustiça, a miséria e o único caminho possível para o avanço social” –
conclui Denise. Classificação: 12 anos.
O espetáculo integra a programação especial de aniversário
de Caraguá, que completa 159 anos de emancipação político-administrativa no dia
20 de abril. Os ingressos custam R$ 40 inteira e R$ 20 meia-entrada e podem ser
adquiridos no site www.ingressorapido.com.br ou na bilheteria do Teatro
Mario Covas, de segunda a sexta-feira, das 10h às 12h e das 14h às 17h, e no
fim de semana, a partir das 14h. Clientes Bradesco, estudantes, aposentados com
mais de 60 anos de idade, funcionários públicos de Caraguá e professores pagam
meia.
O Teatro Mario Covas está localizado na Av. Goiás, nº 187,
no Indaiá, em Caraguá. Mais informações: (12) 3881.2623.
Serviço
Espetáculo “Galileu Galilei” com Denise Fraga
Dia 16/4 – sábado – às 21h // Dia 17/4 – domingo – às 19h
Teatro Mario Covas
Ingressos: R$ 40/R$ 20
Classificação: 12 anos l 130 min.
Ficha
Técnica
Direção Artística: Cibele Forjaz
Adaptação/Dramaturgia: Christine Röhrig, Cibele
Forjaz, Maristela Chelala e Denise Fraga
Cenografia: Márcio Medina
Trilha Sonora: Lincoln Antônio e Théo Werneck
Iluminador: Wagner Antonio
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