sábado, 1 de agosto de 2015

Notícia da venda do Morro da Prainha causa especulações



O jornal Expressão Caiçara desta semana (saiu na quinta-feira, 30/7) trouxe em sua última página um anúncio emblemático, que despertou a atenção das pessoas pelo inusitado do seu conteúdo.

Trata-se de uma venda milionária envolvendo o Morro da Prainha (ou do Camaroeiro), aquele que fica no Canto do Camaroeiro e onde operava uma pedreira em meados dos anos sessentas. O local é paradisíaco e se presta a inúmeros tipos de empreendimentos de alto luxo, como hotéis e até mesmo cassinos, conforme se cogitou na cidade em 2006 ou 2007.

Na época, falava-se na liberação dos jogos de há muito proibidos no Brasil –para ser exato, desde 1946–, pois tramitava um projeto neste sentido no Congresso Nacional. Acabou não dando em nada e o assunto logo caiu no esquecimento.

A notícia, agora, do interesse do proprietário em vender o morro trouxe especulações sobre o assunto, reacendendo discussões, e foi motivo de palpites os mais curiosos, pois as pessoas também veem na retirada de terra de parte desse mesmo morro, pela prefeitura de Caraguá, após um processo de desapropriação, como algo “deflagrador” do interesse de venda. (Veja matéria do desmonte do morro publicada neste blog em 24 jun 2015)

Com um total de 99.944,00 metros quadrados de área alodial (área livre), mais 36.996,15 metros quadrados de área de marinha, o Morro tem ao todo 136.940,65 metros quadrados. O dono estimou em R$ 350,00 reais o metro, o que daria o total de R$ 47.929.227,50. Algo considerável e certamente único na cidade em termos de valores absolutos.

O anúncio é assinado por Aluísio Ribeiro de Lima, que deixa seu telefone celular para o contato de eventuais interessados.

As especulações são muitas e por vezes até sem nexo algum, mas as conversas sempre deixam no ar algumas perguntas: por que querem vender o Morro da Prainha? Que conversas de bastidores precederam essa decisão de vender? Haverá quem tenha disponível tamanho numerário para a compra? Quem será o corretor sortudo que irá mordiscar os R$ 2.875.753,65 a título de comissão?

Afinal, quem é o vendedor da área?

Aluísio Ribeiro de Lima, que assina a publicação do anúncio e oficialmente quem pôs à venda o Morro da Prainha, é filho do ex-deputado estadual Altimar Ribeiro de Lima, falecido em 26 de maio de 2009 depois de ter sido por três legislaturas vereador em São Paulo e também por três legislaturas deputado com assento na Assembleia Legislativa Estadual.

Por sua vez, Altimar era filho de Diógenes Ribeiro de Lima, que também foi por duas vezes vereador na capital do Estado e Deputado Estadual por uma legislatura. Formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, publicou vários trabalhos jurídicos. Atuou ainda como suplente de juiz federal em São Paulo, juiz de Paz e delegado de polícia e como membro do Congresso do Ministério Público. Seu nome foi dado à conhecida praça da praia, em Caraguá, em reconhecimento aos serviços prestado à cidade, creditando-se a ele a transformação de Caraguá em estância balneária, em 1947.

A importância da família Ribeiro de Lima no contexto da cidade

Diógenes Ribeiro de Lima - Professor e um dos políticos mais envolvidos com Caraguatatuba. Como deputado, ajudou e muito Caraguatatuba. Não é a toa que seu nome foi concedido a uma das principais praças de nossa a cidade, a praça da Secretaria de Turismo, em frente a praia central. Diógenes nasceu em São Paulo, em 12 de abril de 1896. Formou-se professor pela Escola Normal Caetano de Campos em 1916.

Em 1920 pegou um barco em Santos para vir até Caraguá, na época, não havia acesso por terra até a cidade, onde foi dar aulas nas Escolas Reunidas de Caraguatatuba (onde hoje funciona o Museu Adaly Coelho Passos). Em nossa cidade namorou a professora Alice Leite. Casou com ela, tendo como padrinhos Teotino Tibiriçá Pimenta e Luiz Passos Júnior.

Foi proprietário de uma casa antiga na avenida Arthur Costa Filho, que foi demolida e, atualmente, serve como estacionamento. Como professor trabalhou também nas cidades de Monte Azul e Bariri. Formou-se advogado em 1924 pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP). Publicou vários trabalhos jurídicos. Atuou ainda como suplente de juiz federal em São Paulo (1925), juiz de Paz e delegado de polícia (1924 e 1925) e como membro do Congresso do Ministério Público.

Vida Política - Diógenes foi vereador em São Paulo por dois mandatos, de 1926 a 1930. Participou da Revolução de 1932, como subcomandante do Batalhão Bahia. Elegeu-se deputado estadual em 1935, quando participou da Constituição de 1935. Como deputado foi um dos políticos que mais ajudou Caraguatatuba.

Foi graças a ele que a cidade melhorou e muito a sua infraestrutura física. Poucos sabem, a tradicional mureta da avenida da praia do centro (removida em 2000, quando o prefeito Antonio Carlos remodelou e duplicou a avenida) foi feita por iniciativa de Diógenes. Como deputado ele transformou a cidade, de fato, em uma estância balneária. Abaixo o decreto que transformou a cidade em estância balneária, de 1947, por iniciativa do então deputado Diógenes Ribeiro de Lima.
Transcrito do Blog do Salim Burihan, em :

Altimar Ribeiro de Lima - Nasceu na cidade de São Paulo, em 31/05/1924, filho de Diógenes Ribeiro de Lima (ex-deputado estadual e presidente da Alesp) e Alice Leite Lima. Faleceu no dia 26 de maio de 2009, no Hospital TotalCor, na Capital, de broncopneumonia com fibrilação atrial. Velado no salão nobre da Assembleia, seu corpo foi sepultado no cemitério da Consolação.

Formou-se em Engenharia na Universidade Mackenzie, antes de ser eleito.

Elegeu-se três vezes vereador pela Câmara Municipal de São Paulo, em 1948, ainda muito jovem, aos 24 anos, com 1.603 votos, pelo Partido Social Progressista (PSP). Em 1952, reelegeu-se vereador com 5.984 votos, também pelo PSP; e, em 1956, com 7.544 votos pela mesma legenda. Licenciou-se duas vezes: de 4/2/1955 até 21/6/1955, e de 25/9/1957 a 6/8/1958, para ocupar o cargo de secretário municipal de Obras.

Em 11/3/1959 renunciou ao mandato de vereador por ter sido eleito deputado estadual, pelo PSP, com 14.708 votos.

Foi deputado estadual por três legislaturas consecutivas: 4ª legislatura (1959/63), quando obteve 14.708 votos, concorrendo pelo PSP, partido dirigido por Adhemar de Barros; foi reeleito para a 5ª legislatura (1963/67), pelo PTB, partido do então presidente João Goulart, alcançando 10.951 votos.

O deputado Altimar Ribeiro de Lima participou das festividades de transferência do prédio da Assembleia Legislativa, do parque D. Pedro 2ª, para o novo edifício no parque do Ibirapuera, em 25 de janeiro de 1968, sendo reeleito novamente para o terceiro mandato, à 6ª legislatura (1967/71), concorrendo pela Arena, partido que apoiava o governo militar, alcançando a sua mais expressiva votação: 16.142 votos, nessa legislatura foi testemunha do fechamento da Assembleia Legislativa, por um ano e meio, com base no Ato Institucional (AI) nº 5/1968, pelo qual foram cassados 25 parlamentares.

Teve quatro filhos com sua primeira esposa, Sra. Lieselotti Ribeiro de Lima: Teresa Cristina Ribeiro de Lima, Altimar Augusto Ribeiro de Lima, Luiz Carlos Ribeiro de Lima e Aluisio Ribeiro de Lima. Com sua morte deixou três filhos, tendo em vista que sua filha Teresa já havia falecido, e nove netos. Casou-se pela segunda vez com a Sra. Cecy Stella Fagá, união de 24 anos, sem filhos.

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