Papudo é desses tipos que não
têm trancas na língua. Deu vontade, fala mesmo – doa a quem doer. E fala alto, bom
som, na praça, na rua, na padaria ou mesmo dentro dos corredores da prefeitura
e da Casa de Leis municipais. Não tá nem aí para eventuais críticas sobre o seu
modo de ser e de viver.
Não foi eleito, mas teve mais
de uma centena de votos, um número de sufrágios significativo para quem
debutava na política. Pessoas que certamente acreditaram na sua proposta como
político e que até o anteviam na tribuna da Câmara de Caraguá, passando seus
sermões, alfinetando uns e outros com sua verborragia incontida. Como a
política é uma espécie de caixa de ressonância do que vai pela sociedade local,
achavam que ele estaria no local certo.
Muito até adoravam ouvir as
pregações do Papudo, encantavam-se com suas palavras ditas “na lata”, sem meios
termos, rodeios ou contornos sutis. Concordavam em muitas coisas, discordavam
em tantas outras. Mas o fato é que o folclórico cidadão suscitava vivas polêmicas.
E aí, o que aconteceu?
As eleições se foram, Papudo
enfim encontrou sua cara-metade, casou-se, teve filhos. Virou homem de
responsabilidade. Será que foi por isso que se retraiu e não mais quis papudear
por aí? Ora, todos esperavam que novamente fosse candidato a vereador nestas
eleições de 2012, para continuar o trabalho político já iniciado. Mas o Papudo
não quis saber mais disso.
Sumiu.
Seria interessante se neste
período pré-eleitoral pudéssemos todos ouvir certas verdades que precisam ser
ditas por aí, mas que ficam entaladas na goela. Por interesses inconfessáveis,
comodismo, medo, canalhice.
Ah! Quanta coisa ainda precisa
ser dita e explicada nesta Caraguá...
Seria necessário que tivesse
alguém com a coragem do Papudo para que certos desmandos fossem postos a
descoberto, falados, ditos em bom som. Na praça, na rua, na padaria, nos
corredores da prefeitura e da Câmara Municipal. Ou em qualquer outro local, ao abrigo
da chuva ou não.
Muito há para ser dito, que
sufoca cá dentro do peito, mas que fica entalado na goela. Por medo, por
comodismo, capachismo ou sei lá o quê.
Pena que Papudo só existe um.
E hoje ele está comprometido, cuidando do seu querido lar, da esposa e filhinho.
Ah! Meu Deus! Como faz falta o Papudo...
Leia outras crônicas do Caraguablog sobre o Papudo: Alguém sabe o que o Papudo disse na sessão de ontem? e O Papudo vai se casar
Leia outras crônicas do Caraguablog sobre o Papudo: Alguém sabe o que o Papudo disse na sessão de ontem? e O Papudo vai se casar
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