Sentença do MP refere-se à concessão de
uso da Praça da Bandeira, na Vila, sem devido processo legal, favorecendo uma
única empresa da cidade durante a temporada 2008-2009
Thereza Felipelli - Imprensa Livre – 8/5/12
O ex-prefeito de Ilhabela
Manoel Marcos de Jesus Ferreira foi novamente condenado por ato de improbidade
administrativa em sentença proferida no último dia 16 de abril pelo juiz
titular da Vara Distrital de Ilhabela, Carlos Eduardo Mendes.
O juízo acolheu um pedido do
Ministério Público do Estado de São Paulo, referente concessão e permissão de
uso de toda a extensão da Praça da Bandeira, na Vila, região central do
arquipélago, sem o devido processo legal, favorecendo uma única empresa – o
jornal O Ancoradouro Jornalismo e Eventos Ltda. – no período de 1 de novembro
de 2008 a 15 de abril de 2009.
Na sentença, o juiz aceita a
tese de que o procedimento teria sido forjado. Um trecho da mesma diz que
“clara ficou a pressa do então prefeito municipal em proceder a permissão do
uso da Praça da Bandeira ao jornal O Ancoradouro para que este último pudesse
auferir vultosos lucros, dada a ressabida grande circulação de turistas no
local”.
No processo, Manoel Marcos se
defendeu alegando inexistência de improbidade administrativa, visto que seu ato
se baseou no parecer da procuradoria jurídica. Afirmou ainda a legalidade do
credenciamento de empresas, da publicidade do ato, da dispensa da licitação e a
ausência de má-fé. O procurador Odair Barbosa dos Santos, por sua vez, alegou
também a regularidade do parecer emanado, bem como corroborou os fundamentos da
defesa do ex-prefeito.
Condenação - Manoel Marcos foi condenado a
perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa
de R$ 5 mil reais para cada um dos réus em favor do município e proibição de
contratar com o Poder Público pelo prazo de três anos juntamente com o
ex-procurador chefe Odair Barbosa dos Santos, a referida empresa e sua
proprietária, Heloísa Lacerda.
Ancoradouro - Segundo Heloisa Lacerda,
proprietária do O Ancoradouro, a prefeitura, em 2008, teria anunciado que
queria alguém para financiar o receptivo de navios durante cinco meses e meio,
dizendo que, em contrapartida, ofereciam a exploração da área. “Antes a revista
Veja já tinha feito isso por dois anos consecutivos, mas, naquele momento, não
tinha interesse. Então eu me dispus a fazer esse projeto. Depois percebi que
era gelada”, declara Heloísa.
“No segundo semestre de 2008
teve uma crise mundial e todos os patrocinadores caíram fora, mas eu não podia
rescindir o contrato porque tinha uma multa de R$ 500 mil reais caso
desistisse. Foi pura inexperiência minha”, salienta a empresária. “Aceitei e
fiquei com um mico na mão sem patrocínio e tendo que bancar o receptivo de
navios. Só na locação da tenda a prefeitura gastava R$ 180 mil reais e isso
teria que ser bancado por mim”, reclama.
Ainda de acordo com Heloisa,
na ocasião, havia uma briga política entre ela e a Associação Comercial da
cidade que, achando que a prejudicaria, entrou no Ministério Público com a
referida ação, que está tendo esse resultado agora.
“Quando eles entraram com a
ação, eu consegui pedir para cancelar o meu contrato sem pagar multa. Aí a
prefeitura teve que abrir um pregão para contratar um receptivo. Ganhei o
pregão e faturei R$ 180 mil. A Associação Comercial me salvou de um contrato
que seria péssimo pra minha empresa”, comenta. “Embora tenha existido uma
condenação, essa situação me privilegiou e a grande prejudicada foi a prefeitura”,
salienta.
A empresária frisa ainda que,
embora a justiça ache que tal negócio era muito disputado entre os
comerciantes, a realidade é diferente. “Tanto é uma fria para a empresa que se
propõe a isso que depois disso não apareceu nenhuma que se dispusesse ao que me
dispus”.
Ex-prefeito - Os
advogados de Manoel Marcos afirmaram que ainda não foram intimados e que a
sentença ainda não foi publicada, mas, como se trata de decisão de primeira
instância, assim que publicada a sentença eles entrarão com recurso.
Fatos anteriores - Em maio de 2011, o ex-prefeito já havia sido condenado por ato de
improbidade administrativa pela prática de nepotismo, por empregar 12 parentes
indiretos e indiretos, entre eles irmã, sobrinhos e esposa, para ocuparem
cargos de confiança.
1 comentários:
Afinal,.. esse Mané pode se candidatar às proximas eleições ou não?????
Deus queira que não!!!
Chicão
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